Por a 26 Maio 2018

A casa dos anos 1920, situada numa nobre zona de veraneio, com belo jardim romântico, manteve a sua autenticidade e guarda no seu seio surpreendentes peças de autor, entre móveis herdados e outros resgatados da rua, hoje com nova alma.

Fotografia: José Manuel Serrão

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A família que aqui reside compõe-se do casal, as duas filhas, a empregada, o braço direito e grande companhia da dona da casa, que está com ela desde há muitos anos e, claro, o gato Taxi.

Esta é a sua morada desde 2010, e é a segunda vez que a proprietária vive em Portugal, depois de uma outra experiência há vários anos.

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A casa, de construção sólida, grandes áreas e nobres materiais originais, manteve praticamente inalterado o seu layout. Foram preservados a maior parte dos revestimentos do chão e paredes, com exceção da cozinha e WC social, no piso térreo, revestidos a micro cimento, e substituídas as janelas de alumínio por outras, de moldura de madeira, devolvendo à casa a beleza da construção da época.

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O piso térreo tem aproximadamente 200m2, e compõe-se de sala de estar, sala de jantar, cozinha, lavado social, a saleta de TV e o quarto de empregada. O piso superior compreende quatro quartos e uma sala de estar e finalmente o sótão, que aloja um miniapartamento, com sala e quarto.

Subindo pelo jardim, num plano inclinado, acede-se à entrada da casa. De um lado, a cozinha com paredes pintadas em tom cinza azulado, onde sobressaem a bela mesa de madeira e o espelho antigo, recuperado pela proprietária, mulher amante das artes e uma artesã autodidata.

Daqui prossegue-se para o corredor que dá acesso à grande sala de estar, com janelas que deixam ver o jardim romântico. Destaque para a lareira em pedra, de grandes dimensões, e desejável fonte de calor intenso nos dias frios. Os sofás fazem parte do espólio da casa e foram conservados, sem alterações. À semelhança destes, todos os móveis e algumas peças desta casa foram trazidos das várias viagens, herdados, recolhidos do lixo ou adquiridos em lojas de peças em segunda mão, aos quais foram devolvidos o brilho e a glória, e que hoje aqui encontram uma morada à altura.

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“Viver numa casa como esta, nos dias de hoje, significa um ato de resistência”, diz Simona. “Aqui faço de tudo um pouco, com a ajuda da minha filha mais nova, que herdou de mim a mania de estar sempre a mudar tudo de lugar, a inventar novas formas de casar o mobiliário e peças, e com a ajuda estimada da Viorica, o meu braço direito na vida, que veio comigo de Roma, e já há 12 anos me acompanha”, diz, rematando com uma nota de humor: “é o meu casamento mais estável”.

Nesta sala convivem pinturas, instalações, e luminárias, ou objetos iluminados, como sublinha, feitas pela proprietária, que dá novos atributos a peças tão improváveis como tubos e canos de ferro e chapa. Tal é visível um pouco por toda a casa, da coffee table modular, um puzzle composto por quatro mesas, que misturam madeira, chapa, ferro e mármore, e podem ser combinadas de diferentes formas, ao pavão retro iluminado.

Nada ou pouco vai para o lixo, dentro das paredes desta casa romântica, aqui convivem muitas histórias e experiências, muitas horas de pesquisa e trabalho resultantes em objetos funcionais e decorativos inusitados, surpreendentes.

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“Isto é de facto um pequeno oásis, com o jardim e a proximidade do mar, a poucos minutos a pé,” diz. “O facto de estar rodeada de condomínios não faz com que eu me sinta vigada, pelo contrário, faz-me sentir protegida e enquanto aqui me sentir bem, aqui ficarei. Eu, a minha família, e o meu trabalho.”

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