Por a 10 Janeiro 2024

Quando Gabriel e Unai compraram este apartamento, já sabiam que o queriam transformar por completo. A vontade de mais integração entre divisões e de mais luz natural, ditou um conjunto de soluções que o transformaram numa casa singular e com personalidade, e onde os azulejos portugueses não faltam.

Projeto: Ana Neri Fotografia: Andre Nazareth / segundo memória descritiva

Originalmente, este apartamento tinha três quartos, sala e cozinha, todos super apertados. Aquando da sua compra, os proprietários já tinham em mente demolir e transformar a totalidade dos seus 90m2, para os transformar em ambientes mais integrados e mais fluídos e melhorar a iluminação natural, que já era bastante boa.

Gabriel e Unai pediram então ajuda a Ana Neri – arquiteta -, para concretizar as ideias que tinham em mente. E assim foi.

Com a remodelação, um dos quartos passou a ser sala de estar e as áreas da antiga cozinha e do primeiro quarto fundiram-se, abrindo espaço para uma nova sala de jantar e para uma cozinha aberta, integrada e bastante arejada.

Com uma marcenaria em tom terra e pavimento em ladrilho hidráulico da mesma família cromática, a cozinha não só se tornou o ambiente de transição do apartamento como o grande foco visual.

A sala de estar, que antes era um quarto, é a divisão preferida dos proprietários no novo apartamento. É uma área de proporções generosas e  que se configurou como uma zona de encontro e de descanso.

Segundo a arquiteta, um dos grandes desafios do projeto foi perceber como as transições entre os ambientes se fariam de forma fluida, leve e ampla. Um reforço estrutural com vigas metálicas, possibilitou que o apartamento ganhasse um caráter de “transparência” e permeabilidade. Mas, além disso, as relações entre os espaços também se deram através do jogo cromático, das volumetrias e das marcenarias, que parecem “conversar” entre si.

O volume que separa e orienta a circulação de entrada do apartamento é também o mobiliário de encontro e apoio da cozinha. “Nada é mais agregador e estimulante para promover longas conversas e encontros do que uma mesa com dimensões generosas na cozinha e, ainda por cima, bem  integrada na sala de jantar”, avalia a arquiteta.

 Ana Neri destaca um pequeno detalhe – a porta em muxarabi (pintada de verde), encontrada pelos proprietários – que traz textura, ventilação e, de certa forma, iluminação para o pequeno hall. Mas também a parede de tijolos encontrada durante as demolições e que acabou por ser mantido porque ia ao encontro da atmosfera pretendida para a nova decoração.

Em relação à casas de banho, a original foi ampliada para permitir a instalação de uma bancada mais ampla e confortável. Para potencializar a luz natural, foram usados revestimentos e texturas em cores claras. Já a iluminação (artificial) frontal acontece de forma indireta.

De visual leve e claro, no quarto do casal, a parte lateral do armário e uma parte da parede foram transformados numa estante estreita. Outro destaque é o móvel de apoio em madeira clara (fixado na parede, em frente à cama), com gavetas que ajudam a organizar itens pessoais dos clientes, sem poluir visualmente, e as pequenas prateleiras metálicas com função de mesas laterais de apoio à cama. Já a pintura azul – até meia altura da parede da cama – ajudou a ‘vestir’ a cabeceira. Por fim, a marcenaria do armário ganhou palhinha natural na parte de baixo – trazendo textura e movimento ao desenho do móvel -, enquanto a parte superior ganhou acabamento em laca cinza claro.

Na planta original, a varanda era um ambiente que se relacionava apenas  com um dos quartos e os clientes pediram para trazê-la também para o ambiente social do apartamento.

O azulejo português é original e foi mantido, enquanto o piso foi substituído por ladrilho hidráulico na cor mostarda. “O lavatório baixo, num dos cantos da varanda, também é original e foi mantido  para preservar a memória arquitectónica do imóvel”, finaliza a arquiteta Ana Neri.

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