Por a 5 Maio 2020

Já seguimos a designer de moda Vanessa Barragão, 27 anos, há uns tempos. “Adorava guardar os restinhos que sobravam das costuras das minhas avós e a lã foi desde sempre o meu material preferido”. O fundo do mar, os seus seres vivos, entre eles os recifes de corais são a sua principal fonte de inspiração. Veja porquê.

Imagens DR / Texto: Isabel Figueiredo

Assim que terminou a faculdade, Vanessa desviou a sua atenção, mais seriamente, para as tapeçarias. Foi por essa altura que enviou o seu portefólio para a Fábrica de Tapetes Beiriz, onde acabou por laborar durante três anos. Durante esse período nunca cessou de dar continuidade ao trabalho, enquanto artista têxtil, procurando sempre evoluir cada vez mais. Acabaria por fazer a sua primeira exposição em Sidney, em conjunto com outros artistas têxteis.

Desde muito pequena que a fascinam os fios e tecidos. “Adorava guardar os restinhos que sobravam das costuras das minhas avós e a lã foi desde sempre o meu material preferido”. Durante o mestrado em Design de Moda, Vanessa apresentou como trabalho final uma coleção de fios de lã 100% artesanal e ecológica. “Este foi, sem dúvida, um dos projetos mais especiais que fiz até hoje”, conta-nos.

E atualmente, que materiais e cores a fascinam e fazem parte do seu trabalho? “A lã é a base do meu trabalho. Ao trabalhar numa fábrica, percebi a quantidade de desperdícios e de lixo que a indústria produz e hoje em dia esse lixo é a minha matéria prima”. As cores que usa vão ao encontro das cores que tem disponíveis no momento. Mas os brancos e beges são os seus preferidos.

As tapeçarias feitas à mão, a partir da junção de várias técnicas ancestrais, compõem, grosso modo, o seu trabalho principal. As peças criadas pretendem “despertar consciências para a grande problemática do aquecimento global, fruto das nossas más ações. Para consciencializar as pessoas deste facto, e quem vê o meu trabalho, utilizo materiais reciclados, provenientes da indústria têxtil e procuro mostrar e incentivar a produção artesanal”.

As cores que usa são inspiradas pelo fundo do mar, pelos recifes de corais, pelos animais e seres vivos em vias de extinção alvo do aquecimento do nosso planeta, e “que podem provocar a perda da sua cor, tornando-se brancos e dissipando toda a vida que ali residia”. A arte é, a seu ver, uma forma poderosa de despertar as pessoas para esta consciencialização e é “esta luta que me motiva a continuar a fazer o que mais amo.

Em curso, está a criação de uma tapeçaria com 4×2 metros, um projeto de grande envergadura. E da mesma forma que as suas peças crescem em tamanho e criatividade, cresce o volume de trabalhos, obrigando a uma mudança. “No início do ano vou deixar o Norte do país e transferir o atelier para o Algarve, retornando às minhas origens, Albufeira, cidade onde nasci e cresci. Esta vai mesmo ser a grande mudança a todos os níveis”, revela. “Em 2020 irei ainda participar em algumas exposições, umas no país outras fora, mas por ora as datas ainda estão a ser delineadas”.

O seu lema de vida? “Façam o que amam e o que vos faz feliz, tendo sempre consciência do impacto que as nossas ações poderão ter no futuro”.

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