Por a 23 Maio 2023

Esta é a história de uma antiga senhora que parece ter encontrado o elixir da juventude e que exige a quem por aqui vai passando que a cuidem, mantenham e a adaptem aos novos tempos, sem nunca a desrespeitar.

Texto: Isabel Figueiredo / Fotografia: Paulo Lima / Produção: Amparo Santa-Clara

Localizada na efervescente zona oriental da cidade de Lisboa, esta residência de uma família composta pelo casal e pelos seus quatro filhos, privilegia o espaço de vivência familiar e de convívio com os amigos, “sem nunca menosprezar os espaços de cada um”.

A sua tipologia T4, implantada numa área muito generosa, onde se incluem as amplas salas e casa de jantar, poderiam resumir as suas principais valências, mas a história que a casa encerra, o passado em que assenta, e um presente em constante mutação para se abrir ao futuro contribuem, em boa medida, para a sua lista de atributos.  

O edifício original foi alvo de obras de remodelação nos anos 90 do século passado e a vontade de manter viva a casa de família e de ter filhos por perto, levou a que os pais dos atuais locatários dividissem a casa original em frações. A que aqui vos revelamos, é uma das habitações que surgiram deste “projeto familiar”.

Como nos descreve quem lá vive, esta é uma casa que respira “o charme de uma antiga residência de família, onde cada parede e cada recanto parecem falar, onde cada espaço nos relembra as tantas histórias e vivências das pessoas que, ao longo de gerações, por aqui foram passando e vivendo”.


Os espaços comuns, com áreas grandes que permitem, no inverno, acolher todos à volta  do fogo das lareiras – e que, quando as temperaturas começam a subir e as lareiras se apagam, se estendem para um pátio refrescante, que liga todas estas áreas  –, são uma das principais qualidades do edifício, em plena cidade.

Estas casas antigas encerram no seu ADN o melhor que nos podem dar mas, por outro lado, têm na necessidade permanente de manutenção o seu maior desafio. A nobreza dos seus acabamentos e detalhes construtivos, por mais que seja verdade implicarem uma atenção e dedicação constantes, conferem, a casas assim, uma alma e caráter de indiscutível beleza. Onde viver é um prazer constante, onde o espaço e a luz comunicam para o bem-estar de todos os que nelas habitam.

“Transformar esta necessidade recorrente de manutenção em oportunidade de adaptação ao conforto, gostos e necessidades dos tempos, sem nunca beliscar o seu caráter, tem sido o desafio que esta casa impõe, em permanência, a toda a família que nela habita”.

Neste contexto, sempre que possível privilegiou-se a manutenção e recuperação dos materiais originais, caso dos estuques e pinturas de uma sala, dos azulejos e das lajes da casa de Jantar. “Bons exemplos dessa transformação são a estante emoldurada pelas ombreiras e os estuques de uma porta existente, que já não tinha uso, e a lareira fechada de linhas modernas que substituiu a antiga, por esta já não fumar bem.”

A decoração, composta pela conjugação dos vários elementos característicos da casa com peças que, ao longo do tempo, foram sendo reunidas, umas mais antigas, vindas das famílias dos nossos interlocutores, outras mais modernas que foram sendo adquiridas e outras ainda que são fruto do trabalho de fotografia que a anfitriã faz em expedições por esse mundo fora, deu origem a um ambiente que se quis acolhedor, mas surpreendente, “pela mistura de tempos, estilos e materiais, não se ficando pelo simples acomodar de peças ao estilo da casa”. Como refere uma filha do casal, às vezes parece que as paredes estranham algumas peças, mas estas logo se entranham e a casa fica a ganhar. 

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