Os responsáveis pelo Architects Office / Triptyque Architecture assinam o projeto de remodelação de um apartamento onde peças de design icónicas guiam o olhar e têm uma presença constante ao longo dos dois pisos.
Projeto: Architects Office / Triptyque Architecture / Texto: Isabel Figueiredo / Fotografia: Fran Parente
Localizado na Vila Madalena, o loft de 250 m2 foi remodelado por forma a responder à paixão pelo design de quem ali mora. Distribuído em dois níveis, o projeto percorreu o conceito de fluidez, unindo ambientes com uma linguagem contemporânea e etérea, consagrando uma especial atenção às peças de design e de arte, algumas delas icónicas.
No primeiro piso, integraram-se os espaços sociais, divididos apenas por um painel articulado em madeira quando é necessária mais privacidade. Este piso contempla ainda uma casa-de-banho e cumpre as necessidades delineadas pelos moradores no que toca à acessibilidade.
Ao entrar no apartamento, a sala do piano exibe peças de mobiliário de couro, com tonalidades castanhas e amadeiradas permeadas por pontos de dourado destacando objetos de arte, exprimindo a sofisticação da criação.
Mais à frente, a ampla área do escritório reúne históricas peças do design e singulares criações atuais num diálogo excêntrico, caso das poltronas de Jorge Zalszupin dos anos 50 junto ao sofá Iceberg, da designer espanhola Patricia Urquiola. Estão ainda presentes peças de design brasileiro e internacional, caso da mesa de trabalho assinada pelo Estúdio RAIN, desenhada especialmente para esta casa.
Macro ou micro, a escala estimula os sentidos e sedimenta o bem-estar a partir de volumetrias singulares, tonalidades pastel, texturas granuladas junto às numerosas plantas, espécies brasileiras.
Nas áreas íntimas, o layout foi reestruturado por forma a conseguir uma disposição melhorada dos espaços com uma proposta disruptiva. A suíte principal abriga a casa-de-banho ampliada e integrada no quarto a partir da caixa de vidro, e evoca o ato de banhar-se como um ritual diário. O design de autor marca presença em todos os detalhes, com peças exclusivas como as mesas laterais, assinadas pelo estúdio RAIN.
A ligação entre os dois andares faz-se pela escada de desenho escultural, demarcada pelos degraus em cimento e a estrutura singular e retilínea do corrimão, num subtil convite à descoberta.
No segundo piso, é notável a ligação entre exterior e interior. Tal passou pela integração da ampla varanda, e com uma vista incrível sobre a cidade, que abraça a sala e a cozinha. Esta zona partilhada é marcada pelo chão de ripas de cimento em toda a área da laje e pelas peças de mobiliário e a sua disposição, que ajudam a fortalecer a perceção de continuidade. Também aqui o design global dialoga com o local e revela peças especiais, como a mesa em pedra verde, minuciosamente recortada ao meio para a passagem da caixilharia – esta é retrátil, bem como a cobertura do terraço, podendo ser aberta completamente à paisagem e ao sol.
Na cozinha, todos os elementos de madeira, em tonalidades naturais, dialogam com os eletrodomésticos e dominam o espaço.
A sensação de se estar numa casa térrea é constante, dada a fluidez dos ambientes e esta paleta natural, contemplando o melhor do habitar na cidade.