Mutável e estruturadora, a “grande parede” é um elemento central neste apartamento. Ela é cenário, arrumos e potenciadora de interações. Tudo isto, num apartamento de 180 m2 em Lisboa.
Arquitetura: Atelier Data / Fotografia: Richard John Seymour
Situado num bairro consolidado da cidade de Lisboa, o apartamento ocupa os dois últimos pisos de um edifício, num total de 180 m2, beneficiando de um sistema de vistas que a nordeste é dominado por uma paisagem eminentemente urbana e a sudeste se relaciona, por sua vez, com as densas copas de árvores que habitam um jardim centenário.
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Segundo contam os autores do projeto, os princípios da intervenção foram motivados pela posição estratégica do apartamento face à envolvente, em articulação com a reflexão sobre o espaço doméstico.
O resultado foi um repensar dos espaços em função de uma maior transversalidade e continuidade, uma organização através de uma lógica que distingue áreas sociais – o terraço, sala de estar, sala de jantar, biblioteca e cozinha -, de áreas de serviço – lavandaria, i.s social, acesso vertical -, e que se concentram no piso 0. Deixando o piso superior para acolher a zona mais privada da habitação, que é como quem diz, os quartos.
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Ao nível dos materiais, a escolha foi para aqueles que reforçam a luminosidade e para um uso extensivo da cor branca, em articulação com a madeira do pavimento e o mosaico cerâmico do terraço.
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As janelas foram redesenhadas, de forma a intensificar a relação do interior com o exterior e foi estrategicamente colocada vegetação, como elemento que é importado do jardim centenário da envolvente e reinventado para o espaço doméstico.
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A equipa do Atelier Data sublinha a concentração de infraestruturas, equipamentos e arrumos, numa “grande parede” de forma a libertar espaço. Parede esta que, serve de cenário ao espaço social. Com 11,5 metros de comprimento, este “elemento” potencia interações diversas e diferentes hierarquias entre espaços. Exemplos disso são painéis que se abrem para revelar uma escada ou se fecham para privatizar o núcleo de quartos; painéis que se abrem no momento de cozinhar e se fecham quando a cozinha se converte em espaço de trabalho; ou painéis que se estendem ou recolhem na espessura do armário para individualizar espaços.
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Mas se a “grande parede” assegura no plano vertical a continuidade do espaço, há que dizer que não o faz sozinha, o desenho do teto também contribuiu para essa noção de prolongamento e unificação. Repare-se no ritmo das vigas que perfazem o plano horizontal da área social, e que reforçam assim o desejo de criação de uma grande nave, que atravessa a profundidade total do apartamento e se deixa atravessar por diversos ambientes, usos e ações.