Neste apartamento com uma estética masculina, a serenidade e a elegância impõem-se e fazem-se valer. O projeto assinado por Rodrigo Ximenes, é uma amena conversa entre clássico e contemporâneo, pontuado por materiais nobres e cores contrastantes.
Projeto: Rodrigo Ximenes Arquitetura / Fotografia: Marco António
Partindo de, a pedido do cliente, referências clássicas e tradicionais, Rodrigo Ximenes traduziu os estilos em tons, acabamentos e detalhes, de forma a que os mesmos conversassem com a arquitetura contemporânea do prédio em que se insere o apartamento.
Com 70m2, a ideia era materializar no espaço algumas ideias inspiradas em apartamentos europeus antigos, onde a arquitetura de época se funde com soluções contemporâneas. Nesse sentido, Ximenes escolheu painéis de carvalho escurecido e detalhes que remetem para o clássico em contraponto com o guarda corpo em chapa metálica que acena à contemporaneidade.
Sobre as divisões, Rodrigo Ximenes explica que o corredor de entrada é marcado pelas sequências dos detalhes do painel, que se relaciona com o móvel sob a escada onde está camuflado o frigorífico e a televisão. Salienta que, pelo fato de a marcenaria da sala ser em carvalho escuro, foi feito o contraste no pavimento com madeira clara.
A cozinha foi trabalhada de forma a parecer mais um aparador do que uma cozinha formal. Com bancadas em quartzito e armários superiores laqueados na mesma cor das paredes, a ideia era a de criar a sensação de que a cozinha estava presente, mas sem dominar e delimitar visualmente o espaço.
Na sala, o mobiliário é apenas o necessário, mas detaca-se o sofá generoso e confortável. Entre os itens selecionados, está a cadeira “Girafa” da Lina Bo Bardi para Dpot. O guarda corpo da escada foi desenhado para ter uma presença escultórica, num tom claro e com linhas retas que preenchem o vazio do mezanino e fazem contraste com as curvas do móvel, em cima, que também faz de guarda corpo.
Indo para a varanda, temos a mesa esculpida em quartzito de forma orgânica, que nasce do pilar de betão. Aqui, Ximenes procurou traduzir materialidade em poesia, e para compor, escolheu as cadeiras “Wishbone” de Hans Wagner. Para a parede, foram desenhadas prateleiras em serralheria com detalhes de iluminação.
Por último, no quarto a procura foi por uma atmosfera minimalista porém acolhedora. A cama, com laterais curvas, abraça de um lado a cabeceira lateral esculpida em mármore Carrara.
Não menos importante, a iluminação foi desenhada e pensada para criar ambientes. O teto foi liberto de iluminação que, em todas as divisões, é feita de uma forma indireta.
No que diz respeito às cores escolhidas, o arquiteto sublinha que “criam uma atmosfera serena que conversa e valoriza os acabamentos escolhidos”. Ximenes acrescenta que “todos os testes de cor e materiais foram feitos ao entardecer, por esse horário trazer uma luz poética que ditou várias das escolhas, como o tecido das cortinas e do sofá”.