Verónica Vinhas nasceu em Lisboa em 1968, formou-se no IADE em design gráfico e volvidos alguns anos, entre a sua atividade profissional, como designer, abraçou a Arte, tendo recentemente inaugurado a Exposição Cardumes Brancos.
por Isabel Figueiredo
O que espoletou o gosto pela Arte e pelo design?
Quando tinha 6 anos participei num concurso de construções na areia, na praia do Tamariz, no Estoril, inscrita pela minha avó Maria do Carmo. Não tinha um plano. Bastaram-se os recursos que tinha “à mão” e decidi construí um mocho em que as penas eram feitas com mexilhões que encontrei na areia… Fui distinguida com o primeiro prémio – e ganhei uma bicicleta.
Percebi que a Arte, em processo de desenvolvimento, era um estado de consciência que me trazia um enorme bem estar. Através da Arte, podia valorizar e expressar as minhas emoções e ideias, e ainda divertir-me muito!
O que tem sido a sua vida profissional até à data?
O meu percurso profissional teve início na NovoDesign (1990-1996), período após o qual construí uma extensa carreira na área do Design Gráfico. Em paralelo ao design, tenho desenvolvido uma atividade artística que tem vindo a ganhar expressão e importância nos últimos anos.
O que está na origem do seu regresso à vida artística?
Finalmente tempo para me dedicar. Por circunstâncias da vida, tive de dedicar grande parte do meu tempo ao meu pai, que sofria de uma doença degenerativa muscular, que o tornava 100% dependente.
Com que projeto relançou a sua carreira?
Com “Cardumes Brancos”.
O que a inspirou para esta exposição?
Para além de ter estado muito tempo em contacto com o mar, as obras que compõem esta exposição são inspiradas na abundância dos padrões criados por estes cardumes sincronizados. “Uma grande parte dos peixes vive em cardume para obter benefícios deste comportamento coletivo. Agindo de maneira coordenada e sincronizada, como se tivessem mentes próprias, os cardumes são compostos geralmente por peixes da mesma espécie, idade e tamanho. No seu movimento, são precisamente espaçados uns dos outros, realizando manobras complexas que dão origem a um organismo único e de grandes dimensões”.
Contando com a presença essencial do branco, cor da luz, num contexto de reflexão, com a variação da luz natural ao longo do dia, os cardumes evoluem de uma forma estática para uma forma dinâmica ganhando vida própria. O branco representa também a limpeza (despoluição ecológica) e a paz. Finalmente, quero salientar que este trabalho não tem qualquer recurso digital, tornando cada um destes cardumes únicos.
Quais os materiais com que gosta de trabalhar?
Sou experimentalista, gosto especialmente de utilizar materiais naturais, no entanto qualquer material pode servir de recurso. Neste caso foi utilizada uma técnica mista com peixes recortados de forma estilizada em balsa, aplicados sobre tela.
Quais os próximos passos?
Desenvolver um novo trabalho que tem como tema e inspiração os “Socalcos do Douro“.