Esta é a história da reabilitação de uma moradia e de estábulos, em avançado estado de degradação, numa zona rural na região de Leiria.
Interiores: Mint Interior Design / Fotografia: José Manuel Ferrão / Texto: Isabel Figueiredo
Com projeto de arquitetura de interiores desenvolvido pela Mint Design, em estreita articulação com o projeto de arquitetura desenvolvido pela arquiteta Sónia Gaspar, a casa distribui-se por dois pisos. No piso térreo estão as zonas comuns (sala de estar, sala de jantar, cozinha, ginásio e espaço exterior e os quartos principais), com uma área de 130m2, e no primeiro andar alojam-se os quartos de hóspedes e o escritório, em mezanino, com vista para as zonas comuns e com uma área de 60m2
Concluído em 2021, o projeto de reabilitação assentou, sobretudo, na opção por novos revestimentos e pavimentos, mas também na escolha da paleta cromática e de outros elementos arquitetónicos. A casa respira, hoje, com novo fulgor.
O projeto de reabilitação desenvolveu-se a partir de uma moradia de habitação unifamiliar, com cerca de 120m2, e dos estábulos, igualmente preexistentes, que evidenciavam um avançado estado de degradação.
Localizada numa zona rural na região de Leiria, era necessário que a casa de família oferecesse amplitude, abundante luz natural e conforto. Para tal, a estratégia de adaptação e reabilitação assentou na integração das duas quase ruínas existentes adaptando às necessidades que o cliente passou para as equipas que se ocuparam dos trabalhos.
O projeto reorganizou funcionalmente as áreas existentes para dar origem a uma moradia ampla e funcional, com áreas espaçosas e com a desejada generosa luminosidade.
A opção por um estilo industrial e contemporâneo resultou da articulação dos elementos arquitetónicos do edifício e da região com o uso pretendido pelos proprietários. A solução pretendida foi alcançada, sobretudo, na escolha dos materiais de construção – tal é observado na combinação entre o ferro, o tijolo e a madeira de carvalho, materiais dominantes em toda a casa.
A entrada da casa é muito impactante, marcada através de uma parede revestida a tijolo. Para aligeirar um pouco o impacto desta parede foram criadas umas escadas elegantes e finas em carvalho e ferro preto. Para conseguir um ambiente mais acolhedor na sala, foi criado um ripado em carvalho que separa o hall de entrada deste espaço de estar e canaliza o olhar de quem entra para a parede e aquele volume em madeira, tornando, assim, a zona de boas-vindas num espaço surpreendente.
A decoração foi escolhida com base em elementos que fazem a ponte entre os materiais da obra e a decoração dos diferentes espaços. “Um dos aspetos que mais salientamos, é a opção pelo layout em open space para as zonas sociais, viradas para um pátio muito acolhedor”, salientam as porta-vozes do atelier. O hall de entrada, salas de estar e de jantar, cozinha e mezanino, onde se aloja o escritório, integram um único espaço. “Foi muito interessante escolher peças e materiais que se harmonizassem entre si, que estabelecessem um diálogo fluido”. Para garantir a funcionalidade e a harmonia, contam-nos, foi necessário um cuidado redobrado na escolha da iluminação e dos móveis tendo em vista assegurar a ligação com os materiais de construção.
A base da decoração é neutra e em tons claros e elegantes. Na sala de estar, foi colocado um grande sofá, confortável, que ajuda a dividir a zona de estar e a de jantar. Ao centro, optou-se por uma mesa em madeira e ferro que faz a ligação entre o ripado e as escadas. O tapete é o elemento de cor e sofisticação neste espaço.
Na sala de jantar, a peça de destaque é um grande lustre preto que acompanha o pé direito duplo. A mesa de jantar em carvalho e as cadeiras cinzentas com pés em ferro preto conjugam-se na perfeição com o ambiente. Foi introduzido um grande aparador em cinzento para interligar com a cozinha, também ela cinzenta.
Na mezanino, foi criado um espaço de leitura e escritório, com uma estante desenhada pela Mint Design, em tom terra, por forma a conjugar com a parede de tijolo que se eleva até ao piso superior. Optou-se ainda por colocar a zona de trabalho ao centro da divisão, virada para o exterior e para o andar de baixo, melhorando a funcionalidade e comodidade.
Em toda a casa, o ateliê optou por deixar que a arquitetura ‘falasse’ e guiasse as decisões no que toca à escolha dos revestimentos. “Em termos de materiais, optou-se por uma abordagem contemporânea: a madeira do chão, o ferro das escadas e a cor da parede de tijolos foram os elementos-chave para a criação de um estilo contemporâneo-industrial desejado pelos proprietários.”
Quanto à luz natural, esta entra através do pátio exterior e das grandes janelas da fachada, assim permitindo destacar o contraste das cores e texturas.