Por a 30 Março 2022

Pérgolas, cantos isolados para o silêncio e meditação, espaços sociais, piscinas infinitas que ofuscam os limites do horizonte e do céu e materiais naturais que mudam com o passar do tempo. Tudo isto em diálogo com a paisagem, numa casa feita de pedra, em Mani.

Projeto: Desypri & Misiaris Architecture / Área: 290m2 / Ano: 2021 / Localização: Grécia / Fotografias: Giorgos Sfakianakis / descrição enviada pelos autores do projeto, via archdaily

O principal conceito do projeto, foi reconhecer deixar-se inspirar por uma característica especial das construções residenciais da cidade de Mani, na Grécia — a ‘Ksemonia’ (que significa ‘aquele que foi deixado sozinho’), composto por torres solitárias ou pequenos complexos residenciais isolados na paisagem acidentada, utilizados como abrigos ou pontos de observação.

De longe, estas torres em pedra surgem como mais um elemento da terra, como explosões monolíticas do solo, mas a sua própria existência regista a marca da vida turbulenta da cidade tradicional nesta paisagem notável.

O complexo residencial, composto por duas casas de pedra, está organizado em torno de duas torres, inseridas no terreno de modo a permitir também uma disposição dinâmica dos espaços externos e das entradas das casas, bem como dos espaços externos adicionais.

As modernas casas-torre são projetadas em estreita relação com a paisagem natural — como é o caso da tradicional arquitetura de Mani, que se tornou parte integrante do lugar que lhe deu origem. Embora a composição principal seja expressa na forma das torres, as extensões que compõem o restante do complexo não existem independentemente no terreno, mas são reunidas num todo — ecoando as formas arquitectónicas estabelecidas da região, mas também proporcionando uma interpretação moderna dessas mesmas tipologias.

As casas são projetadas para que se possa viver “dentro” e “fora”, com espaços igualmente dinâmicos. Assim, torna-se possível transferir a vida externa da casa, neste caso, para um pátio dividido por um conjunto de espaços com diferentes qualidades e molduras visuais.

Pérgolas, cantos isolados para o silêncio e meditação, espaços sociais, piscinas infinitas que ofuscam os limites do horizonte e do céu — tudo em composição para criar o cenário exterior das próprias casas.

Ao longo de toda a construção, foram definidos materiais de construção completamente naturais que levam os sinais do tempo, e mostram as marcas da sua origem e do seu processo. Os materiais funcionam como uma tela em branco sobre a qual a interação de luz e sombra se desdobra suavemente ao longo do dia.

A pedra caracteriza o lugar — como é expressa tanto no próprio solo quanto  nas construções tradicionais — Mani evoca um vocabulário arquitetónico de monólitos, de austeridade, de linhas rígidas e volumes geométricos. O betão complementa os materiais naturais, criando pedras artificiais menores em tons terrosos com texturas brutas. A madeira cria superfícies macias e quentes.

Estes materiais são alternados dentro e fora, intensificando a experiência visual das casas, constituindo uma afirmação natural, mas estritamente concebida na paisagem Messiniana.

O projeto de interiores segue a linha arquitetónica dos dois edifícios, inspirado na tradição da paisagem imponente de Mani, assim como nos materiais encontrados no terreno. O objetivo, foi criar nos volumes de pedra, espaços com um caráter aconchegante e com uma sensação positiva de hospitalidade, que remete para a identidade do local. 

A maior parte do mobiliário foi projetada exclusivamente pelo estúdio de Design de Interiores Laboratorium, enfatizando a sensação de singularidade e uma linha de design atemporal que visa trazer a paisagem para o diálogo com a arquitetura.

As formas foram mantidas simples e todos os móveis projetados sob medida trazem referências a um classicismo simplificado. Os materiais enfatizaram o uso de madeira de carvalho em dois tons, combinada com pedras em cores próximas. Os tecidos e tapetes utilizados seguem tons naturais, terrosos, suavizando as texturas selvagens da pedra e da madeira de Mani, equilibrando o interior com a paisagem única envolvente.

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