Um clássico cozinhado com ingredientes contemporâneos. As pitadas de azul e dourado conferem um saboroso equilíbrio a este apartamento no centro de Lisboa.
Fotografia: João Peleteiro Produção: Amparo Santa-Clara
Por: Mafalda Galamas
Divididos entre dois continentes, o casal luso-brasileiro que escolheu o Chiado para viver parte do ano, partilha com orgulho o resultado do seu T3, recentemente, concluído. Embora se trate de um imóvel recente, tomaram a opção de levar a cabo algumas modificações em termos de acabamentos. A remodelação ficou a cargo da B&B Contemporary Living e a decoração tem assinatura de Paula Matos Santos.
A arquiteta e designer de interiores começa por nos explicar que a proposta de cor composta pelos azuis, dourados e cinzentos foi o seu ponto de partida. Existe efetivamente, através da cor, um eixo comum entre as diferentes divisões. E foi esta conjugação de cores que possibilitou alcançar o resultado suavemente clássico e, sofisticado, solicitado pelos proprietários.
Os 160m2 desta habitação são profundamente bafejados pela luz. As enormes e, imensas, (14) janelas possibilitam a entrada da incrível luz de Lisboa a qualquer hora do dia. O “excesso” de luminosidade, (se assim se pode dizer), é algo quebrado logo na entrada do apartamento através da parede integralmente pintada de azul petróleo. A cómoda de época veio de um antiquário e o espelho que compõe o espaço é da loja Coisas da Terra.
As tábuas corridas de madeira, no pavimento, foram mantidas e conduzem-nos à sala, onde tudo foi personalizado. Grande parte do mobiliário foi selecionado e encomendado no mercado internacional, nomeadamente francês e italiano. Contudo, existiram algumas exceções, todos os sofás foram desenhados pela decoradora, forrados de veludo azul e cadeirões de cinzento, e executados em Portugal. A sofisticação do dourado surge nas mesinhas de centro e de apoio. Contrastam com a obra contemporânea ‘Pigmento’ de David Mattar, da Galeria Brisa, situada na Rua Vitor Cordon. A tela na parede é, na verdade, uma imagem fotográfica, um ‘print cromogénico’ que representa um tubo de tinta amolgado. A consola barroca é quebrada por uma tela da autoria da irmã da proprietária Kika Simonssen.
No mesmo espaço, reside a zona de jantar. A estante em ferro preto desenhada por Paula Santos foi igualmente executada em território nacional, pela loja Pátria. É, sem dúvida, um improvável elemento contemporâneo que acompanha o imenso pé direito sem ser demasiado pesado, graças à sua estrutura vazada. Também a mesa de jantar foi personalizada. Paula Santos modificou os pés em metal dourado escovado, retirados de um antigo aparador, e adaptou-lhe um tampo de vidro temperado. O resultado é ímpar e exclusivo.
Nas janelas de sacada repousam, discretamente, os cortinados de linho branco. São iguais em todas as divisões do apartamento, como forma de garantir continuidade, mesmo na cozinha. Aqui, o revestimento de pedra foi substituído por azulejos artesanais, pretos, italianos, adquiridos na Stone Ceramics. Realçam o branco dos armários. O lado da cozinha confinado à zona de trabalho foi o único local onde se manteve a pedra original. A restante área, por uma questão de conforto, tem tábua de madeira corrida, e junto ao balcão de refeições, destacamos os bancos dourados italianos. Uma vez mais, a decoradora recorreu aos quadros de Daniel Mattar ‘composition color shape’ para pontuar a cozinha de cor.
Na zona mais privada da casa, a suite, percebemos que o papel de parede, a par com os têxteis, foi o elemento eleito para conferir mais conforto à divisão. Aplicado em todas as paredes, o papel atrás da cabeceira de cama tem motivo, enquanto o das restantes paredes é liso.
O dossel da cama foi desenhado e executado em carpintaria, em madeira com velatura escura. Contrasta com as mesinhas de cabeceira espelhadas e os candeeiros de vidro e dourado. O fantástico lustre suspenso adquirido na Coisas da Terra – peça improvável num quarto – faz parte dos detalhes que enriquecem qualquer projeto.
No quarto de visitas, o papel azul, de motivo adamascado e compete com a imponência dos têxteis selecionados.
A cabeceira com tachas, a colcha azul de veludo e o tapete, tornam deste espaço um refúgio acolhedor onde apetece ficar. As mesinhas de cabeceira são em metal dourado, com tampo de mármore. Ao lado, a consola de vidro faz-se acompanhar por uma elegante cadeira dourada, francesa.
Por fim, mas igualmente digno de referência é o escritório, com paredes de cor taupe. O sofá cama em linho sueco surge a pensar em qualquer eventualidade…
E dá destaque aos quadros com detalhes de Nova Iorque, do atelier de Paula Matos Santos. Tratando-se de uma zona de trabalho ocasional, optou-se por uma secretária de linhas clássicas, candeeiro Arboretto e espelho da Stone Ceramics.