Da coleção de panteras às fotografias marcantes ou, elementos tribais, (quase) tudo nesta casa contaria uma história… se falasse.
Fotografia: Gui Morelli Produção: Amparo Santa-Clara
Texto: Mafalda Galamas
Pedro Munõz, 52 anos, é designer de interiores e há oito anos escolheu Portugal para viver. Com alma de viajante, percorreu o mundo inteiro e muitos dos objetos que encontramos hoje no seu apartamento da Estefânia, vieram de cantos bem longe desta terra lusa.
Embora timidamente, percebemos logo à chegada a influência de outras culturas, com a escultura de Buda. Mas é na sala, espaço nobre da casa, que Pedro Munõz combina inúmeras peças de assinatura com outras tantas de autor desconhecido, mas cheias de ‘patine’!
Num layout que se presta ao convívio e a receber os amigos, a sala reúne uma improvável conjugação de sofás e cadeirões. Do nórdico de tons neutros, grande e confortável, no lugar de destaque, ao sofá inglês, de pele. Mesmo em frente, repousa um cadeirão vintage, igualmente com design nórdico, que mistura pele preta com madeira.
Outra das coisas a que não conseguimos ficar indiferentes, é à iluminação do apartamento. Pedro Munõz mostra, sobretudo aqui, o seu encanto por peças de design. Apenas neste espaço podemos apreciar o candeeiro de mesa vintage, com esfera redonda, um outro italiano, de pé, com meia esfera amarela, o de abajur preto da Flos e, ainda, o candeeiro em cristal de burano, com uma forma única, dos anos 50.
O designer, com projetos assinados em Espanha, mas também aqui em Portugal, explica que a casa está misturada com peças art deco, outras de design nórdico, algumas mais clássicas e, outras até, de novos criadores. Tudo faz parte da sua noção estética, muito particular, como a sua paixão por panteras, uma das caraterísticas deste ambiente. Só na sala encontramos duas, uma em cima da mesa de jantar, em pau santo, de Robert Heritage. Destaque, aliás, para as duas chair 78 de Niels Moller e as restantes, em acrílico, de Roche Bobois. E, a outra pantera, em bronze, junto ao icónico candeeiro Atollo, de Vico Magistretti.
A mesa de centro, assente em dois tapetes pele de vaca, é uma peça japonesa do reconhecido Noguchi. Acima dela, repousa a enorme jiboia do inconfundível Bordallo Pinheiro.
Uma das formações de Pedro Munõz é em pintura, pela Sociedade Nacional de Belas Artes e apesar de pintar para vender, o artista também faz da sua casa a sua própria galeria. São várias as divisões onde encontramos expostas nas paredes alguns das suas obras, em tinta acrílica, como é o caso dos quadros escuros, em moldura preta.
Atravessando os corredores para o resto da habitação, cruzamo-nos com outros elementos algo inquietantes. A enorme tela fotográfica, com o homem tribal ou a caveira de búfalo africano com máscara de plumas veneziana, numa personalização de Munõz, são alguns dos exemplos.
Já no quarto, voltamos a notar a enorme influência das viagens nos seus ambientes. A cama, assente em vários tapetes turcos, kilim, tem acima da cabeceira uma fotografia ampliada de Bruce Lee, captada pelo próprio proprietário, em Tóquio. E, no chão, um quadro da época colonial chinesa que é, na verdade, parte de um biombo… Adquirido num antiquário de Madrid.
Junto à janela, duas falcon chair, as favoritas do decorador, em pele e pau santo. Por fim, ao fundo da cama, uma consola moderna que alberga um candeeiro art decor, um astronauta e uma cabeça punk comprada em Buenos Aires.