O designer na marca de mobiliário inteligente, funcional e contemporâneo revelou-nos um pouco do seu processo criativo. Falámos ainda sobre a Home Lab Design, a forma como vê o design português e como está a ser trabalhar em plena pandemia.
Fotografia: Cedidas pela Home Lab Design
A Home Lab Design surgiu do encontro entre o designer de mobiliário, Rafael Oliva, e o administrador, Marcelo Germano. Revelamos-lhe os valores da marca e partilhamos a conversa com o designer informal e inspiradora com Rafael Oliva.
As inspirações para as coleções da marca vêm de uma vertente minimalista, onde as nuances de texturas e linhas expandem a essência de cada produto. As matérias e os materiais também se destacam no processo criativo. Identificam uma versatilidade nos objetivos – muitas vezes banalizados no cotidiano –, explorando sua essência.
Sempre que possível incorporam a manualidade nos seus produtos através de parcerias com artesãos, comunidades e ONG’s, até como forma de amplificar técnicas e tradições pouco conhecidas, estimulando uma troca de conhecimentos e linguagens. Revelando-se, inclusivamente, uma boa maneira de elevar o artesanato ao nível de design através de um olhar mais contemporâneo e irreverente.
Para além da estética e funcionalidade, a Home Lab valoriza o potencial do móvel de contar a sua própria história. “O nosso produto convida o cliente a participar de uma troca de experiências e vivências em seu próprio lar”, afirma Rafael Oliva.
O trabalho da marca incorpora a ideia de produção consciente e responsabilidade social. Cada etapa de criação é pensada de forma a minimizar desperdícios, introduzir mais materiais ecológicos e incentivar uma produção local e justa. Um ciclo criativo, produtivo e sustentável para todos, do cliente à sociedade em geral.
– Qual a principal valia de um mobiliário com design assinado?
Quando o cliente adquire um móvel assinado ele não está a levar somente o móvel, mas toda a história por trás deste: os materiais escolhidos, a qualidade, o desenho único, a preocupação com a sustentabilidade e a mão de obra especializada. Preocupamo-nos em mostrar ao cliente toda a cadeia de produção do mobiliário, desde a origem da matéria prima até o bem-estar dos colaboradores envolvidos. É muito importante para a Home Lab que o produto seja customizado para cada cliente, pois assim o produto leva consigo a personalidade de cada um.
– Como está a viver esta época de pandemia em termos de criatividade, de indústria e mesmo de ‘negócio de design’?
O COVID pegou-nos de surpresa, no começo não esperávamos (ou não queríamos acreditar) que fosse durar tanto tempo, mas depois da fase de adaptação pudemos começar a reimaginar a nossa empresa para os novos tempos até a vacina. Tanto a loja quanto as fábricas ficaram fechadas durante dois meses, mas agora já voltamos a atender e entendemos as precauções necessárias para garantirmos a segurança de todos.
– Esta “fase covid” está a revelar-se criativa?
Tivemos bastante tempo para refletir sobre novos produtos e agora estamos com alguns lançamentos programados para as próximas semanas. Acho importante desenhar produtos com calma para podermos garantir que estamos a colocar algo relevante no mercado, assim como desejável e acessível para os clientes. Demoramos meses para tirar uma ideia do papel de forma que atenda ao nosso controlo de qualidade.
– De que forma vai alterar a maneira de olhar o design assinado?
Quando lançamos a Home Lab já miramos no futuro. Acreditamos que cada vez mais os clientes estarão preocupados com a história por trás de cada produto, não somente sua beleza ou preço. Para as novas gerações é muito importante saber como o produto é feito, qual a matéria prima e se a mão de obra está a receber o devido respeito. A pandemia fez-nos perceber mais rapidamente que precisamos de respeitar o próximo assim como o meio ambiente. Já era uma preocupação nossa, e agora temos certeza que este é o caminho a seguir.
– Como vê o futuro desta área?
Estamos numa crescente no número de designers brasileiros no mercado. As empresas e fábricas estão a perceber que o nosso trabalho é necessário para criar produtos diferenciados e competitivos. O consumidor está mais exigente e gosta de ter em sua casa algo único e personalizado.
– Como vê o design português?
Na minha visão o design português assemelha-se ao brasileiro já que ambos procuram desenvolver produtos novos com uma rica pesquisa em materiais, preocupação com o meio ambiente e qualidade de produção. Acredito também que exista uma grande preocupação no aproveitamento de espaço dos ambientes cada vez mais compactos.