Duas mulheres, um ateliê. Quisemos saber, juntas até ao fim? “As nossas casas transformaram-se em escolas, escritórios, ginásios, em que temos constantemente de cuidar dos filhos e da casa”. Mas a readaptação pode ter as suas coisas boas…
Imagens: DR / Isabel Figueiredo
O ateliê de arquitetura, design de interiores e mobiliário português, especializado em projetos de restauração – Quinta do Quetzal ou São Lourenço do Barrocal são alguns dos projetos que adoramos – aposta na reinterpretação e redescoberta do melhor do passado em prol do presente, através de um olhar radar contemporâneo e com curadoria. #Emcasacom Ana Anahory e Felipa Almeida, a dupla criativa do Anahoryalmeida em direto para a Urbana.
De que forma a atual situação está a afetar o vosso quotidiano?
De todas as formas! Estamos nas nossas casas, com as famílias, a tentar trabalhar. Deixámos de estar juntas no atelier que é onde nos reunimos todos os dias com a nossa equipa e onde temos todos os materiais que nos ajudam a pensar nos projetos. A nossa forma de trabalhar implica muitas idas às obras, reuniões com clientes, visitas a fornecedores, a artistas e artesãos em todo o país. Tudo isso deixou de acontecer e alguns projetos em curso pararam. Tem sido um grande desafio manter a criatividade e produtividade mas vamos arranjando tempo para nos inspirarmos e aprofundar o nosso conhecimento com várias pesquisas, livros e documentários.
Como é atualmente o vosso dia?
É toda uma nova rotina e maneira de viver onde as nossas casas se transformaram em escolas, escritórios, ginásios, em que temos constantemente de cuidar dos filhos e da casa. São tempos desafiantes e intensos e vamos tentando manter isto tudo em equilíbrio.
Como se ajustaram à nova situação do confinamento em casa?
No início foi confuso mas, gradualmente, estamos a adaptar-nos a esta nova maneira de viver. É importante construir novas rotinas e disciplina para que se consiga ter tempo para tudo. E se não houver tempo, fica para o dia a seguir! Temos também aproveitado o tempo para refletir sobre o futuro do atelier e possíveis novas colaborações com artistas e artesãos. Temos tentado promover o artesanato português no nosso INSTAGRAM através de fotografias de peças bonitas que temos a sorte de ter em casa. Tem sido uma forma de valorizar o trabalho dos nossos colaboradores.
AnahoryAlmeida Minibar, Lisboa; Inês d’Orey (foto)
Que conselhos dão aos leitores da Urbana nestes tempos difíceis e estranhos?
Aproveitar estar em casa para melhorar o conforto dos espaços e torná-los ainda mais acolhedores. Estes tempos também são tempos para consumir local e apoiar a produção nacional por isso aconselhamos pesquisarem o trabalho de artistas e artesãos portugueses, caso estejam a precisar de novas peças de decoração e mobiliário em casa. Já agora estendemos o conselho para a gastronomia, já que também é um universo ao qual somos muito sensíveis e por isso convidamos a comprar produtos nacionais a produtores locais.
SOBRE ANAHORY/ALMEIDA
Ana Anahory vive e trabalha em Lisboa, onde nasceu em 1982. Formou-se em Arquitetura na Universidade Lusíada de Lisboa e, em 2005, terminou o seu último ano na Falcoltá de Valle Giulia, em Roma. Começou a trabalhar no Atelier Anahory Projectos de Arquitetura e Design, onde teve a oportunidade de colaborar em várias áreas, tendo em paralelo desenvolvido os seus próprios projetos – na sua maioria na área da restauração. Em 2011 fundou o estúdio AnahoryAlmeida com Felipa Almeida.
Felipa Almeida vive e trabalha em Lisboa, onde nasceu em 1979. Formou-se em História de Arte na University College em Londres e, em 2008, fez uma pós-graduação em Estudos Curatoriais na FBAUL e Fundação Gulbenkian de Lisboa. Trabalhou em Paris na galeria Cosmic (hoje Bugada + Cargnel) e de 2002 a 2006 escreveu artigos sobre arte contemporânea para as revistas suíças “Sur La Terre” e “Helvetissimo”. Em 2010, co-criou com o Colectivo de curadores o site www.projectomap.net sobre arte contemporânea Portuguesa. Em 2011, fundou com Ana Anahory o estúdio AnahoryAlmeida.