Por a 22 Maio 2017

Fotografias: Ana Paula Carvalho

Não é decoração, é interpretação.

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‘’Não gosto que me chamem de decoradora, aliás eu não decoro eu interpreto o espaço.’’

Foi assim que Maria Pinto se apresentou. Descomplicada e direta ao assunto, Maria explicou à Urbana que o que faz é uma interpretação do espaço, compreendê-lo é o primeiro passo para uma transformação eficaz. A casa, explica, é um refugio e devendo ser por isso o espaço mais puro e clean possível.

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Com um backround de medicina Chinesa e uma vida a estudar antigas civilizações, a sua sabedoria vai muito para além do belo, do comercial, do fútil. O estudo do bem-estar da casa, da organização, da ‘’corrente’’ energética que esta tem é fundamental para um bom projeto de interiores, e isso não passa só por substituir os sofás ou as cortinas. Passa por partir paredes, criar novos espaços, renovar as energias estagnadas que nos bloqueiam tanto física como emocionalmente. Passa por dar um novo propósito a peças que estão inúteis, passa por ‘’limpar’’ a casa de todas as tralhas que vamos inevitavelmente acumulando a vida inteira e passa também por equilibrar o espaço recorrendo sempre que possível a materiais naturais e nobres.

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‘’Este projeto começou em volta de uma porta’’, refere Maria. Não é uma porta qualquer, é uma imponente peça de madeira trabalhada, num tom lindo que se mistura entre o castanho e a cor de mel. A peça, ajudou-a a criar uma paleta, toda ela em volta dos tons naturais e dos materiais orgânicos, mas ajudou também na distribuição logística da sala, já que a porta ‘’esconde’’ a zona da televisão.

A casa é toda ela um desafio por ser pouco regular na forma das divisões e por ser um R/C numa zona popular lisboeta, mas o primeiro passo deste projeto iria ser decisivo na estrutura, ou não fosse o T3 pequeno transformar-se num T2 espaçoso, com uma área comum bastante ampla e bem iluminada, que com as peças escolhidas por Maria, umas antigas ou de inspiração étnica completaram a estética da casa. Com as peças e com a sua disposição no espaço, ela redefine os ambientes e torna-os naquilo que ela verdadeiramente pretende: práticos, coerentes e eficazes.

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O mesmo principio foi aplicado aos quartos, apesar de Maria Pinto defender que o quarto deve ser bem mais despojado e descomplicado, em ambos os quartos, Maria escolheu uma cor base e trabalhou pequenos apontamentos de textura que elaboram a dinâmica do quarto.

Este é o primeiro projeto oficial de Maria, que termina dizendo: ‘’ uma cliente francesa disse-me, que a melhor expressão para caracterizar o que eu faço é créateur d’ambiance, e é mesmo isso que eu faço ‘’

Maria acredita que o estudo do espaço, a sua compreensão e a sua leitura em relação às energias e funcionalidades ainda está muito subvalorizada e acima de tudo estigmatizada, mas acredita que aos poucos a mentalidade acabará por mudar!

 

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