Por a 15 Novembro 2023

Um projeto em duas partes: primeiro, foi adquirido o rés-do-chão, já lá vão quase duas décadas; a seguir, quatro anos depois, foi comprado o primeiro andar. Tudo junto, a casa, que ainda tem um terraço aprazível, acomoda uma família de cinco pessoas, numa área total de 280m2. Em Lisboa. 

Fotografia: Ana Paula Carvalho / Texto: Isabel Figueiredo

No piso de baixo, o rés-do-chão, existem hoje três quartos, cada um deles destinado aos três filhos do casal, duas casas de banho, uma grande sala comum e a lavandaria, no espaço antes ocupado pela cozinha.

No primeiro andar, há lugar para um quarto grande, o do casal, que ocupa o espaço da maior divisão da casa original — a da sala, na altura da aquisição do apartamento —, além de um escritório, uma casa-de-banho e uma sala comum, de estar e de refeições, que equivale em espaço à do piso inferior somada a mais dois quartos.

A escada interna que une os dois apartamentos, com prateleira suspensa, é um projeto desenvolvido pela Ressano Garcia Arquitectos. Há ainda um corredor nascente / poente, como é habitual ver na maioria dos edifícios da época — início do século XX — que se encarrega da distribuição de todas as divisões.

No total, a casa soma hoje uns confortáveis 280 metros quadrados, a que se juntam os quatro metros quadrados do saguão e os sete do simpático terraço. 

Tudo foi conservado na medida do possível, diz-nos o seu proprietário: “Nomeadamente o chão e os tetos, em todas as divisões, sendo exceção as casas de banho e a cozinha, que foram alvo de uma renovação e transformação integral”. 

Por se tratar de uma família relativamente grande, dois adultos e os três filhos, de 18, 19 e 21 anos, as dimensões e a divisão dos espaços são de suma importância. Razão pela qual a sala grande do rés-do-chão é hoje propriedade quase exclusiva dos jovens, que ali têm privacidade para receber os amigos. 

Por seu turno, os adultos passam uma boa parte do tempo na sala do primeiro andar e, porque o seu proprietário trabalha a partir de casa, parte deste tempo é destinado para o escritório, sabiamente reservado para a zona da casa mais reservada. O mesmo é dizer, mais afastada do burburinho animado próprio dos mais novos. Este escritório, como simpaticamente se lhe refere, é a sua “man cave, com muitas memórias, muitos eventos afixados, aqui e ali, nas paredes”. 

O branco domina, com exceção das paredes da cozinha e de uma das casas de banho, porque esta família adora a luz de Lisboa. “Vivemos, sempre que possível, com as portadas abertas”, confirma-nos. Neste branco, sobressaem as recordações, as histórias, as cores e texturas, os livros… Tudo na casa é inspirado em bons momentos. “A nossa inspiração para esta casa é, em boa verdade, a nossa vida”. As paredes estão vestidas de recordações de lugares, quadros e esculturas compradas um pouco por todo o lado, mas também de fotografias de amigos, “no fundo, esta casa apenas reflete a vida de um casal e dos seus três filhos”, prossegue. “Há sempre flores e livros por todo o lado, duas coisas que são fundamentais para nós”.

A banca de ourives encontrada no Mercado de Lavradores do Funchal, as lanternas e portas que vieram de Marrocos, bem como um arreio de camelo, um candeeiro trazido do México, uma máquina de flippers dos anos 70, várias grafonolas antigas, a escultura que é um vestido da Eva Armisén, e os quadros do Jorge Curval, JOH (Jorge Humberto), Beatriz Uva, Cristina Valadas, Eva Armisén, Pedro Ressano Garcia, José Luís Pais, J. Sobral, para referir alguns, rematam este conceito de casa-vida, casa-vivida. 

Por seu turno, a vista para outros edifícios da mesma época e para o Cristo Rei, além da localização central — “bastam duas ruas e estamos na 24 de julho, muito perto da Av. Infante Santo” — confirmam a boa decisão quando, um dia, em 2001, decidiram adquirir aquele rés-do-chão, e depois o primeiro andar, e sobretudo porque, como afirmam: “adoramos viver na cidade”. 

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