Que vou aqui viver feliz, que vou te amar. O Porto é a cidade onde este amor acontece. O apartamento, outrora com outra organização espacial, vive hoje em pleno uma cidade moderna, a sua luz e dinâmica. E o jardim, escondido, garante-lhe a serenidade desejada, quando o bulício nos pede alguma pausa.
Projeto: ESQVTA + Yamagata Arquitetura / Fotografia: Ricardo Oliveira Alves / Texto: Isabel Figueiredo
Na Rua de Cedofeita, Porto, o estúdio de arquitetura e design de mobiliário de Vitor Almeida, ESQVTA –, interveio neste apartamento, totalmente remodelado, pondo em prática a sua abordagem tão especial. Originalmente um T1, com a grande sala compartimentada, o apartamento viu serem demolidas algumas paredes para, assim, melhor se tirar proveito da área e do pé direito.
“Quis fugir do comum oferecido, criando um espaço pensado como fazendo parte de um hotel de luxo, onde arte e design coabitam”, conta-nos Vítor Almeida, seu proprietário. E prossegue: “Quis oferecer uma experiência onde nada foi deixado ao acaso a quem usufruiu do espaço, estando disponíveis os aromas que definem a nossa marca, as roupas de cama personalizadas ou as playlists que fazem a banda sonora do espaço-mãe”.
Hall, instalação sanitária, cozinha e um amplo espaço que abarca a sala e o quarto que se separa desta encerrando-se os biombos verticais, compõem o programa.
Assinado pela ESQVTA, em parceria com o escritório brasileiro Yamagata Arquitetura, o projeto de interiores evidencia o cunho do coletivo português em cada detalhe. “O escritório de arquitetura Yamagata Arquitetura, nosso parceiro neste projeto, e em particular na criação da ambientação final, foi fundamental. O seu ADN é marcante e estruturador neste novo espaço, das referências nipónicas, ao minimalismo e questões de funcionalidade, das sucessões cromáticas de tom sobre tom à inclusão de clássicos do design – exemplo dos candeeiros da Akari Design, de Isamu Noguchi, editados pela Vitra.
Às alterações levadas a cabo, que hoje dotam a casa de outro conforto e valências, somam-se a sua localização – dista apenas cinco minutos da Torre dos Clérigos e de todo o coração antigo da cidade. “Como tem acesso a um jardim interior, ainda que localizada no meio do bulício, a casa é muito silenciosa e vive muito da ligação ao exterior”, salienta Vítor. O pé direito e a área ampla de estar/dormir conferem uma sensação de espaço numa área total de cerca 70m2
Foram escolhidos os melhores acabamentos, sempre tendo em linha de conta a data do edifício, e preservados outros, nomeadamente o soalho, que é original tendo sido apenas escurecido. “Todas as carpintarias obedecem ao desenho original”, prossegue o arquiteto. Cada compartimento define-se como um bloco de cor, sendo a mais vívida – na sala de estar/dormir – a que usufrui da cor mais calma, o cinza. Por seu turno, foram privilegiados os materiais locais e nacionais.
Todo o mobiliário foi desenhado especificamente para este espaço, na sua maioria com desenho da ESQVTA e respeitado o ADN dos trabalhos realizados pelo atelier. Caso do mobiliário, da iluminação e de objetos de produção manual com mão-de-obra 100% nacional. As obras de arte marcam presença pelas mãos de Alexandre Conefrey, Hugo Amorim, Thierry Simões ou Elisa Pône.
De entre as escolhas feitas para equipar a casa, Vítor Almeida destaca o conjunto de todas as peças. “Foram pensadas individualmente, mas para fazerem sentido num conjunto”. Quando queremos saber quais os espaços favoritos, o arquiteto responde-nos: “a sala, pela clara sensação de paz e silêncio, e a ligação ao verde exterior”. Entendemos bem a sua preferência, mas, no seu conjunto, este apartamento é, todo ele, elegante e esta sensação de serenidade e de equilíbrio é uma constante em cada divisão. Em cada canto.