Por a 20 Junho 2023

O gabinete de arquitetura Be Architektur transformou um celeiro suíço num espaço residencial, reinterpretando a tipologia e adicionando-lhe modernidade. A madeira, o betão aparente e o gesso foram os materiais de eleição.

Projeto: Be Architektur / Fotografia: Vito Stallone

Estamos em Hamlet, na Suiça, num celeiro residencial desenhado pelo escritório Be Architektur, que neste projeto sentiu não só honrou o contexto histórico da zona, como o desta tipologia vernacular.

Já sabemos que um celeiro é normalmente usado para armazenamento e como local de trabalho para a produção agrícola. E embora esta casa não seja propriamente um “depósito”, as suas divisões – quartos, casas-de-banho, espaços de arrumação…. – foram “armazenadas” dentro dele, como volumes fechados e figurativamente empilhados uns sobre os outros. 

Este “empilhamento” criou um interior escultural, porém amplo e generoso em espaços abertos que se ligam vertical e horizontalmente. Um interior que se desdobra e dá uma sensação de extensão infinita.

As características típicas do celeiro foram agarradas e reinterpretadas de maneira moderna. De longe, a residência funde-se discretamente com o ambiente rústico. A fachada é revestida em madeira de abeto vidrada – o mesmo tipo de madeira usada nos tradicionais celeiros suíços. 

No mesmo sentido, foi projetada uma cobertura em duas águas, com telha típica da arquitetura local. Janelas que podem ser abertas estão escondidas atrás de persianas de madeira, enquanto o generoso vidro fixo é encabeçado por portas de correr – também elas de madeira -, que fornecem proteção solar, escurecimento e privacidade. 

A casa responde à topografia do terreno. O que quer dizer que, construir num declive geralmente requer escavações, que aqui foram deliberadamente rejeitadas. Em vez disso, o piso térreo é organizado em níveis de diferentes alturas para seguir a inclinação existente.

A casa reinterpreta também a natureza simples e sem adornos de um celeiro tradicional na sua escolha de materiais – lajes de betão aparente para o pavimento e um reboco especial a revestir as paredes garantem uma sensação crua e inacabada. Dois materiais diferentes com efeito semelhante  – o betão e o gesso –, são usados ​​em todo o interior e mostram como juntos conseguem um efeito expressivo.

No fim, a nova casa entra num diálogo temático com os edifícios agrícolas à sua volta, e mostra-se como uma interpretação única desta tipologia vernacular que é o celeiro.

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