Por a 14 Março 2023

No antigo palácio, outrora morada dos Duques de Cadaval, e hoje convertido em condomínio, o apartamento que aqui revelamos nasceu da união de dois, somando 445m2. Os interiores são assinados por Marta Lucena.

Design de interiores: Marta Lucena / Fotografia: Carlos Vasconcellos e Sá / Produção: Amparo Santa-Clara / Texto: Isabel Figueiredo

Os dois apartamentos foram adquiridos em planta, e posteriormente unidos, transformados num só, e desta junção nasceu uma casa de família ampla e luminosa. Os seus quase 450m2 de área asseguram hoje as necessidades e preferências de quem tem três filhos pequenos, gosta de receber família e amigos, e preza a proximidade ao centro da cidade e ao rio.

No processo desta união, existiram algumas limitações impostas pela gestão do condomínio, mas que em nada prejudicaram o resultado final. A casa hoje divide-se em quatro suítes, destinadas para o primeiro piso, e sala, casa-de-banho de visitas, sala de jantar, cozinha e um pequeno jardim privado, no piso 0 – pese embora o condomínio tenha uma boa área de jardim comum.

Rico em luz natural e com acabamentos modernos, o espaço exibe uma atmosfera confortável e estética. “Misturei, de forma instintiva, objetos que os proprietários já possuíam, com peças encomendadas e feitas à medida, como é o caso das mesas de apoio em ferro e mármore ou o móvel por detrás do sofá, presentes na sala de estar”, revela-nos Marta Lucena, a autora do projeto de interiores.

No programa inicial, as salas de estar e de jantar coexistiam no mesmo espaço, mas os donos da casa depressa perceberam que preferiam ter a área de refeições separada do living. “Para tal, foi criada uma parede que divide as duas zonas, mas que permite a circulação por ambos os lados. Na parede oposta, e como alternativa à tradicional estante na sala, optámos por desenhar um volume à medida, que além de permitir a arrumação e exposição de peças, tornou este espaço mais original e acolhedor”, salienta.

A boa mistura de cores, padrões, texturas pauta todo o projeto de interiores. Na sala de estar, destacam-se os sofás da Botaca com tecido da Pedroso&Osório, a poltrona com tecido ziguezague em tons laranja e verde água, também da Pedroso&Osório, a par com o quadro mexicano, por cima do sofá da L’éléphant, para referir apenas alguns. No seu conjunto, todas as peças e acessórios, revestimentos e soluções decorativas coexistem serena e harmoniosamente.

Ao papel de parede, visto no lavabo social, da Mind the Gap, e nalguns dos quartos, e aos tecidos, usados nas cortinas, cabeceiras de cama ou almofadas, juntam-se o verde suave da cozinha, a cor quente do piso de madeira, iluminados pela luz que invade os interiores, proveniente das várias janelas e das portas de vidro de acesso ao terraço.

Ainda no piso inferior, na cozinha, apoiada pelo espaço de refeições, o ripado de madeira é uma solução de arquitetura que aquece aquele recanto, e neste dialogam ainda as cadeiras de bistrô parisiense, o banco corrido feito à medida ou a pedra mármore ‘Brecha Marítima’, da mesa, confirmando a nota de serenidade que domina na casa.

No piso superior, a atmosfera suave prossegue o seu discurso, bem como a fluidez na forma como aqui se circula. É bom exemplo disso a casa-de-banho da suíte, em jeito de sala, e unida ao espaço de dormir, onde domina o diálogo entre os materiais, alternando entre frio/quente, e a generosa luz que entra pelas janelas. Numa das paredes, destacamos o conjunto de fotografias, de Carcavelos, da autoria de Maria Lucena. Na suíte, a fotografia a preto e branco provém da Maison et Objet (Paris) e todos os tecidos escolhidos são da Güell Lamadrid.

Neste mesmo nível, o nosso olhar vai ainda para o hall de acesso aos quartos, animado pela cómoda de família, o kilim gráfico da loja de Rita Roquette ou o candeeiro de época.

Os quartos das crianças confirmam a preferencia pela qualidade dos materiais. Tecidos, tapetes e mobiliário mantêm o diálogo entre a paleta neutra e os apontamentos de cor, sem excessos ou ausências.

O objetivo foi, pois, alcançado e nesta casa em pleno Restelo nada falta para uma experiência de vida plena, tranquila e confortável, como era sonhado pela jovem família.

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