Por a 28 Março 2023

Em Alcântara, este apartamento encontrado em avançado estado de deterioração, recebe os cuidados e a criatividade do atelier itsk.studio para dar lugar a uma casa pronta a estrear.

Projeto: itsk.studio / Fotografia: José Manuel Ferrão / Texto: Isabel Figueiredo

Foram necessários quatro meses de trabalho, e muita elasticidade para cumprir com o orçamento reduzido, até chegar ao resultado atual. O arquiteto de interiores Kurt De Leeuw e a sua equipa, com uma carreira internacional em desenvolvimento de negócios para marcas como Balenciaga, Givenchy, YSL, descreve: “Fizemos uma reforma total! Era impossível morar no apartamento, que estava velho, feio, em franco estado de abandono, com azulejos baratos por toda a parte, sem uma cozinha ‘a sério’ e a precisar de uma reforma integral, que inclui toda a parte da instalação elétrica e ar condicionado, mas também as novas janelas…”.

Havia, em primeiro lugar, que ampliar as áreas e dotar o apartamento de mais luz natural. Para isso, foram eliminados os quatro quartos originais, muito pequenos, e desenhado um novo layout para este ‘pied-à-terre’ em Lisboa para uma família indiana a morar nos Estados Unidos. “O objetivo era assegurar-lhes uma pequena casa em Lisboa, tão funcional quanto possível, por forma a que pudessem alugar o espaço a turistas quanto não estão em Portugal”, prossegue Kurt.

O projeto teve em consideração a preferência dos clientes por um estilo que combinasse com o da LX Factory, empreendimento vizinho, com um quê de industrial e elementos em tons crus, mas sem pôr totalmente de parte a cor, “porque eles gostam da cor na sua cultura”. Além disso, eram desejados dois quartos, como tal o atelier transformou o apartamento num luminoso T2 com duas casas de banho (uma delas na suíte) e transferiu a cozinha para outra parte da casa – dando lugar ao quarto mais pequeno – , partilhada agora com a sala, em plano aberto.

Para as paredes, foi escolhido o branco, “porque a casa é tão pequena e porque prefiro, em geral, trabalhar com a cor em objetos ou elementos que possam ser trocados facilmente sem a necessidade de voltar a pintar”. Para o chão, foi selecionado “um soalho flutuante, mas em madeira maciça, por forma a manter o calor e evitar o típico ‘tique-taque’ quando circulamos sobre ele”.

A cozinha é em MDF lacado, num verde-azul, “pois o lugar preferido dos proprietários é uma ilha no mar de Andaman e queríamos ter aqui presente a cor do oceano, mas de uma forma moderna”. As bancadas são Silestone Calacata Gold, combinadas com uns azulejos “mais rústicos” e as torneiras douradas, o que acrescenta calor ao espaço. Para além disso, a solução de iluminação de teto, que pende sobre a bancada da ilha, ajuda a aliviar o espaço.

A suite, muito simples, recebeu uma cabeceira de cama que funciona como o elemento unificador, juntando a cor e o estilo desejado: “Os clientes pediram-nos um quarto mais pequeno, com um beliche, para poderem alojar mais pessoas na sua casa, equipado ainda com uma secretária”. Nas casas de banho, o atelier optou pelo verde militar nos armários, cor que combina com a tijoleira e o microcimento, no piso de ambos, e que é “fácil de limpar sem abdicar da sensação de conforto, que pretendíamos manter”.

A história desta remodelação é uma história da capacidade criativa do atelier. “O orçamento era tão reduzido que tivemos de fazer escolhas inteligentes e difíceis! Mas também tivemos de fazer magia com o planeamento, e isso sim foi uma dor de cabeça, porque os clientes queriam ter muito em tão poucos metros quadrados. O facto é que havia muito pouco que pudéssemos reaproveitar, mas fizemos o que pudemos. Foi um desafio e estamos orgulhosos com o resultado!”.

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