Por a 23 Fevereiro 2022

Projeto: Estudio Recente; Superfície: 70m²; Ano: 2021; Fotógrafo: Germán Saiz

O apartamento está localizado no terceiro andar de um edifício único, construído em 1927, pelo arquiteto Luis Ferrero. Com cinco varandas a dar para a rua, a casa distribuía-se em dois pequenos quartos, sala de jantar, sala de estar, cozinha e casa de banho. Em contraste com o estilo regionalista da fachada do edifício, a inspiração para o projeto de interiores foi a Sonneveld House (Rottherdam 1930), devido ao uso de cores e materiais nas diferentes salas.

A nova distribuição pretende dar prioridade a espaços com uma função claramente social, unindo a sala de jantar, sala de estar e cozinha numa única divisão de 45m2. Este espaço caracteriza-se por ser o único cujas paredes têm uma base neutra em bege claro.

Para o piso, foi escolhida uma argamassa de cal de base verde. Este piso, juntamente com os pilares metálicos, a cortina divisória e parte do mobiliário, conseguem gerar um espaço dinâmico onde a cor está fortemente presente, mas apenas ocasionalmente.

A integração da cozinha destaca-se neste espaço. Que está muito presente, mas está parcialmente escondido atrás de um totem de espelho que abriga os móveis altos como o frigorífico, o fogão e a despensa. Este elemento também ajuda a esconder o fogão e a pia para que não sejam visíveis da sala de estar.

Gera-se assim uma dupla circulação que permite integrar funcionalmente a cozinha com a sala de jantar, mas que apenas nos dá a ver o que nos interessa.

Aproveitando a altura de 2,8m, e para criar uma maior sensação de amplitude, a casa de banho, juntamente com a arrumação na entrada, foi resolvida num volume inferior. A materialidade deste novo volume interage com a sala e a cozinha.

Os lambrís, em madeira de cerejeira, escondem o acesso à casa de banho e as portas de dois roupeiros. O WC é distribuído de tal forma que a retrete e o chuveiro ficam quase escondidos da pia, permitindo o seu uso simultâneo. Este espaço é concebido num azul com uma base verde no mesmo tom do verde intenso da entrada com o qual está diretamente relacionado. Jogando com as diferentes relações de cores entre os espaços, o teto é da mesma cor das paredes da divisão, mas leva um acabamento em alto brilho, o que gera uma interação interessante com a luz natural que vem da grande janela com vista para o pátio.

Por fim, o quarto, o espaço mais aconchegante e acolhedor da casa, que é onde o uso da cor se torna protagonista. Neste espaço de refúgio, a cor azul da alcatifa do chão funde-se com o verde dos roupeiros feitos à medida, o terracota da roupa de cama e o castanho das mesas-de-cabeceira. Graças à cor quente das paredes e ao uso de luz indireta, consegue-se uma sensação de continuidade que ajuda a descansar.

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