Por a 23 Maio 2020

O coletivo DO Architects desenhou uma casa para uma família que encontra a felicidade na magia dos pequenos detalhes, entre elas os veados que se avistam no jardim, os comboios que passam ao longe, as crianças que encontram liberdade espacial.


Fotografia: Norbert Tukaj / segundo a memória descritiva dos arquitetos

A vida mede-se em momentos e, acima de tudo, na nossa capacidade de estarmos abertos à realidade, à oportunidade, à magia dos detalhes mais simples do quotidiano que nos cercam. A arquitetura de residências particulares dá origem a espaços para partilhar o caos do dia a dia e convida ao ato de brincar. Assim descrevem os arquitetos do coletivo DO, que assinam o projeto desta moradia.

Observar os comboios que passam, os veados que se aproximam do jardim para comer maçãs, mergulhar os pés na relva recém cortada, ao mesmo tempo que as crianças se agarram a nós, pedem colo ou brincadeiras…. é desta magia que os arquitetos falam. Esta é uma casa cheia e viva, não necessariamente ‘limpa’, mas com certeza reflete memórias fantásticas. Localizada no Parque Regional Pavilnys, em Vilnius, a residência familiar, simples e prática, oferece uma sensação de riqueza que vai muito além da materialidade: puro conforto, momentos de diversão e qualidade de vida.

O edifício é dividido em duas partes funcionais: de um lado, um espaço comum aberto contendo as áreas de cozinha, sala de jantar e sala de estar, que abrange todo o comprimento da casa. Esta área facilita e promove a vida familiar quotidiana num ambiente vibrante e partilhado, sem se conformar com formalidade ou arrumação. Não há salas separadas para ler, comer ou trabalhar, apenas um espaço dinâmico e em constante mudança que abraça tudo que torna uma casa feliz: alguma confusão, um pouco de caos e muitas gargalhadas. Uma parede de vidro une o espaço social ao jardim, onde o pomar atrai ocasionalmente os veados e o ambiente natural do campo acaba por funcionar como um cenário dinâmico para a vida dentro da casa. O contraste entre interior e exterior é diluído, e as atmosferas das estações do ano são sentidas tanto em ambientes internos quanto externos.

O edifício revela ainda que uma boa arquitetura não precisa de ser excessiva. A casa não oferece riqueza através de materiais ou coisas caras, mas através da sua capacidade de definir o cenário para a vida que ali acontece.

Esta é uma casa unida à natureza, onde a família se sente parte do ambiente, onde pode brincar com os filhos na neve e colher maçãs no jardim. A linha ferroviária faz fronteira com o local, o que é bastante prático, porque basta uma viagem de sete minutos para chegar à cidade – além de divertir as criança, que adoram ver os comboios passar.

FICHA TÉCNICA

Tipo: moradia unifamiliar
Estado: construído
Superfície: 150 m²
Ano: 2017
Localização: Vilnius, Lituânia
Equipa: Sabina Daugėlienė, Algimantas Neniškis, Andrė Baldišiūtė, Ieva Marija Malinauskaitė
Fotografia: Norbert Tukaj

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