Fábian Pellegrinet Conte – designer, criativo, mente inquieta, contador de histórias nato e curioso por natureza -, abriu-nos a porta de sua casa na Foz, no Porto, para nos revelar o mundo que habita dentro dela.
Design de interiores: Fábian Pellegrinet Conte / Fotografias: Cláudia Rocha
Com 80m2 e a 200 metros da praia, o que vemos hoje, não foi sempre assim: “quando comprei este apartamento, estava abandonado há mais de 10 anos, com o teto parcialmente caído, juntamente com a escada. Havia tudo para fazer e, ao entrar, fiquei surpreendido com a altura dos tetos, que em algumas zonas tinham 5 metros”, conta-nos. Fábian tinha descoberto a página em branco que precisava.


Assumidamente maximalista, a sua personalidade reflete-se no seu trabalho e também na sua casa. Estudou design de interiores e sociologia da arte na Argentina, tem ascendência francesa e italiana, uma avó húngara e já viveu numa dezena de países. Toda esta bagagem, está hoje expressa neste apartamento.

“Considero a minha casa como um Cabinet de Curiosité, porque nela encontro objetos, peças, móveis, candeeiros, recordações, livros – como na época dos descobrimentos, no século XVI, quando estes gabinetes surgiram -, mas escolhidos por mim na descoberta da minha própria vida”, explica Fabian.


A arte ocupa um lugar central na vida e na casa do designer, mas também há um olhar despretensioso que se expressa na forma como obras de Ricardo Miranda e Ester Lopez convivem ao lado de desenhos do seu avô italiano, quadros ingleses de 1850, achados de mercados e leilões – como cerâmicas de Roger Capron ou um serviço de chá de grés francês dos anos 70 – e animais, em especial as girafas, que Fabian coleciona porque foi o primeiro brinquedo que os pais lhe ofereceram quando tinha 5 anos.


Entre estas paredes que guardam memórias e objetos que contam histórias, o apartamento é um exercício poético que balança entre o design e a vida. O sofá em mohair de Guell Lamadrid dissolve-se na cor da parede, libertando espaço para a biblioteca que se ergue, iluminada por um piso de vidro laminado.


Na cozinha de inspiração nórdica, a melamina em tom de areia molhada com puxadores de latão enquadra o granito negro, repetido na mesa de jantar com pés de alumínio fundido.

Um candeeiro de mesa branco feito com peças de Lego de porcelana dos anos 70, conversa com um candelabro – feito por Fabian – a partir de dois colares Marni, e esculturas de artistas nórdicos e irlandeses criam diálogos inesperados.

Portas deslizantes, divisórias mutáveis e uma claraboia Velux que ilumina a escada metálica completam o cenário, onde cada detalhe revela harmonia, dando protagonismo às memórias que transformam a casa numa narrativa envolvente.