Por a 7 Fevereiro 2025

Elegante, mas sem pretensões, esta casa de campo é uma lição de estilo em camadas, um vintage resolutamente irreverente.

Fotografias: Warren Heath / Bureaux / Texto: Robyn Alexander / Bureaux / Produção: Sven Alberding / Bureaux

Tão individual como a sua proprietária — uma hoteleira conhecida pela sua excentricidade, mas também pela sua generosidade e pelos seus interiores infatigavelmente elegantes —, esta casa de campo foi originalmente construída na década de 1920. À semelhança de algumas construções semelhantes na zona, a sua arquitetura é uma mistura peculiar de duas correntes, combinando pilares exteriores quadrados com um lintel interior em arco embelezado, uma ampla passagem central e um telhado de ferro ondulado invulgarmente curvilíneo sobre a varanda da frente.

Inicialmente construída como casa de um administrador agrícola, ao que tudo indica, o edifício tinha todas as qualidades para poder ser explorado, sem limites à criação.

Maximalista de mão-cheia, com uma queda por móveis vintage, casas de banho grandes, vários espaços para sentar e ler um livro”, a sua proprietária criou exatamente o que desejava nesta casa de campo. A renovação que se prolongou por três meses, logo a seguir à compra da propriedade, em 2019, implicou a redução de quartos, de três para dois — sendo que hoje, dois dos quartos são enormes, e cada um ostenta uma casa de banho adjacente igualmente generosas. As mudanças também incluíram a adição de persianas exteriores de madeira antiga, que adicionam atmosfera e privacidade à fachada frontal da casa, e a criação de uma piscina num estilo antiquado de plaasdam (barragem agrícola) de aço galvanizado, pintada com riscas verdes e creme.

A vasta experiência em design de interiores significava que a autora do projeto de interiores sabia desde o início exatamente como iria mobilar e decorar os seus vários espaços, considerando o espaço reduzido — formalmente e em termos de área. Tendo-se mudado para aqui de uma casa muito maior, a proprietária desfez-se de objetos que eram demasiado grandes, como a mesa de jantar de quatro metros de comprimento. A sua cor preferida para as paredes, tão característica, foi utilizada em toda a casa de campo: trata-se de um notável tom bege-arenoso, de cor verde, que funciona bem nos espaços. À medida que se percorrem as várias salas, tem-se aquela sensação geral, simultaneamente tranquila e maravilhosamente acolhedora, aumentando a sensação de espaços que se desenvolveram e se estabeleceram no lugar ao longo do tempo sem nunca terem sido conscientemente estilizados.

A sua sensibilidade de colecionadora, está bem refletida em cada canto. Com origem em leilões, lojas vintage e pesquisas online, a extensa coleção de mobiliário antigo e original está, aqui, exposta, mas apenas uma parte! Na casa de campo, a mistura, aparentemente improvisada, mas pensada, inclui um sofá-cama de madeira incrustada, estantes de vidro em teca polida, uma variedade de assentos excêntricos e uma mesa de cozinha de madeira velha e lavada, reutilizada para as refeições. Estas peças são combinadas com uma mistura eclética de padrões e cores, como é o caso dos revestimentos de tecido chintz floral usado nas poltronas da sala de estar, ou na grande cama estofada ou ainda nos tapetes e candeeiros vintage, além de uma infinidade de memorabilia e obras de arte.

Esta é também uma casa onde a arte, os livros e as peças de bricabraque desempenham papéis importantes. No entanto, não é caótica. A forma como os objetos são “agrupados” — utilizando a descrição da própria proprietária sobre a forma como criou os espaços — e estão expostos foi, e é,  meticulosamente considerada, mesmo que à primeira vista possa parecer aleatória. O resultado final é uma casa caracterizada por um charme discreto, uma energia subtil, mas poderosa, e um espírito imensamente generoso.