Por a 2 Julho 2024

Inspirado nas casas modernistas dos anos 50 e no gosto em misturar materiais e texturas, a remodelação deste apartamento teve ainda como propósito torná-lo luminoso, leve e alegre. Ricardo Souza e Karen Mohn Schmidt assinam o projeto.

Projeto: Um Design / Fotografias: Israel Gollino

Ricardo Souza e Karen Mohn Schmidt são a dupla do escritório Um Design que assina o projeto de remodelação deste apartamento de 200 m2 em São Paulo, no Brasil. Composto por salas de estar e jantar, cozinha, escritório, três quartos, closet e casas de banho, o pedido do cliente, contam os arquitetos, foi um projeto luminoso, com toques de cor, que transmitissem alegria e leveza. “Para além de ser um espaço para o descanso e convívio com o seu Golden Retriever – Fucô, era muito importante que o apartamento tivesse um bom espaço de trabalho”, salientam os mesmos.

Logo após a compra, o cliente estava muito preocupado com o estado do apartamento (o prédio foi construído em 1963). As paredes estavam muito sujas e pintadas de um bege escuro, o piso em tacos de madeira estava muito desgastado por sucessivos restauros, a planta da cozinha não tinha ligação direta com a parte exterior, e a lavandaria tinha um tamanho exagerado, tendo em conta as novas necessidades e equipamentos. 

O primeiro passo foi reorganizar a planta. “Diminuímos o tamanho da lavandaria para que a grande janela com vista para o jardim vizinho pudesse ser incorporada pela cozinha. A parede da cozinha foi demolida e substituída por uma esquadria de ferro para dar mais espaço para a sala de jantar e para a mesa de 5 metros. Com isso, o ambiente social passou a contar com luminosidade e ventilação abundante, vinda tanto da varanda como da nova cozinha”, contam. Um dos quartos também teve as paredes demolidas e substituídas por portas em serralharia, passando a funcionar como escritório, visualmente incorporado nos ambientes sociais. O antigo lavabo de serviço foi incorporado no da suíte principal, o que possibilitou um espaço mais amplo, com banheira de imersão e uma bancada dupla. A suíte foi também reordenada e ganhou um closet. O quarto de hóspedes ganhou uma porta com acesso direto ao lavabo social, podendo assim ser usado como suíte, para um maior conforto. 

Segundo os autores do projeto, neste e em outros projetos do Um Design Studio, a inspiração partiu das casas  modernistas, especialmente as dos anos 50, que são projetos que dão prioridade à luz e ao conforto, que oferecem soluções simples e onde a disposição dos móveis considera os espaços vazios para a vida se manifestar.

De um modo geral, o layout ainda é parecido com a planta original do prédio, contam os arquitetos. Porém, foram feitas algumas alterações para reequilibrar os usos contemporâneos aos tamanhos dos ambientes. A título de exemplo, a cozinha agora é maior – com uma janela generosa; a lavandaria ficou menor -, porque hoje conseguimos usar equipamentos que otimizam o trabalho; e a suíte também ganhou um espaço de banho bem mais confortável. 

Em relação aos revestimentos, devido ao estado em que estavam, não foi possível aproveitar nenhum. Foi estão escolhido o granilite numa base cinzenta clara e com “pedrinhas” com variações de branco. Nas casas de banho, a opção passou por um outro clássico – os ladrilhos hidráulicos na cor off White e formato 10×10. Todas as bancadas do apartamento são em mármore Nuvolato – uma pedra natural com uma resistência maior do que outras pedras claras. 

Sobre os espaços, os autores do projeto destacam na sala o grande móvel, em jeito de aparador, que percorre toda extensão do ambiente. “É dinâmico, com interrupções e rebaixos para posicionar telas e objetos. Para o coração do espaço, desenhámos um sofá, que convida a momentos diferentes, e próximo da janela, posicionámos uma poltrona, porque a luminosidade ali é ideal para leitura”. O par de poltronas Zanine Caldas formam um conjunto com a mesa de centro Afeição, desenhada pelo estúdio e produzida com cerâmica artesanal. O tapete de algodão produzido em tear, junta todos os elementos, dando coesão ao espaço. Completam a decoração, os vários candeeiros de pé, que difundem uma luz indireta à noite.

O escritório é o espaço mais utilizado pelo dono da casa. Simples e fluido, é composto por uma mesa de trabalho central, com gavetas para documentos e objetos. Circundando o espaço, existe uma estante em “L” para os livros, objetos afetivos, plantas e máscaras indígenas trazidas da Amazónia. Num dos cantos vemos a poltrona Três Pés desenhada por Lina Bo Bardi, e as telas de Douglas Ferreiro. O ambiente é fechado por portas em serralharia e vidro transparente, o que permite uma visão panorâmica de grande parte do apartamento. 

A sala de jantar ocupa um espaço de transição – entre o final da sala de estar e o início da cozinha. Destaca-se pela grande mesa, rodeada numa ponta por 8 cadeiras assinadas por Sergio Rodrigues. Como o pé direito não é tão alto, a iluminação é feita por um candeeiro de parede – Potence de Jean Prouvé -, que para além de lindo, dá um toque vintage. A cor é garantida no espaço pela obra verde e rosa de Ricardo Bueno e os candelabros da Dpot Objeto. 

A cozinha conta com duas grandes bancadas de mármore Nuvolato, uma onde estão os equipamentos para cozimento dos alimentos – cooktop, forno, micro-ondas, e na parte de cima, prateleiras com objetos de uso diário. De frente para a janela, com vista para o jardim vizinho a outra bancada, com cuba, máquina de lavar e na lateral uma dispensa. 

Assim como o restante do apartamento, a cozinha possui grandes espaço vazios e circulações generosas. Apesar da cozinha estar integrada visualmente com o restante do apartamento, é possível fechar as portas de vidro – uma excelente opção para quem tem dúvidas entre integrar a cozinha ou não. 

Para a suíte foi desenhada uma base de cama em madeira maciça, com uma cabeceira estofada em veludo azul marinho. Completam o conjunto a obra de Douglas Ferreiro, e a composição rosa desenvolvida no Studio. Os candeeiros,  são da autoria de Ana Neute para a Itens Collections. O ambiente conta ainda com uma peça antiga – a cadeira adquirida numa loja de antiguidades (provavelmente de Joaquim Tenreiro).

Já no quarto de hóspedes, a cama foi desenhada com uma base em madeira maciça e as mesas laterais em ferro e madeira. A cabeceira foi pintada de verde, para transmitir calma.

Em jeito de conclusão, a dupla do Um Design, conta sobre o resultado que  “gostamos muito da mistura de materiais, coisas que brilham junta com outras foscas, cores que contrastam com bases neutras, ferro, pedra, cimento, cerâmica e madeira. Entendemos que um projeto rico, harmoniza tudo isso no mesmo espaço”. 

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