Por a 26 Março 2024

O gabinete de João Tiago Aguiar assina o projeto deste apartamento na Estefânia, em Lisboa, onde o charme do antigamente se funde com a contemporaneidade. Uma renovação profunda que preservou o caráter histórico existente adicionando-lhe a modernidade desejada.

Projeto: João Tiago Aguiar / Fotografias: FG + SG – Fotografia de Arquitectura  / segundo memória descritiva

A renovação profunda de um apartamento com 270m2 num edifício dos anos 40 visava alcançar uma fusão harmoniosa entre o charme do antigo e o design contemporâneo. Originalmente concebido com sete quartos, o layout passou por uma transformação meticulosa, evoluindo para um apartamento de três suítes mais dois quartos que partilham entre si uma espaçosa instalação sanitária com separação entre banheira, chuveiro e sanita.

Reconhecendo a demasiada compartimentação da disposição original, especialmente na área social para uma família de sete pessoas, várias paredes foram removidas e substituídas por vigas de aço estruturais. Simultaneamente, o hall de entrada foi eliminado, permitindo o desenho de uma área social mais ampla e aberta. A antiga varanda, anteriormente transformada numa marquise pelos antigos proprietários, foi restabelecida ao seu estado original, proporcionando a existência do tão desejado espaço exterior.

Preservar o carácter histórico do apartamento era fundamental. Os tetos ornamentados foram meticulosamente restaurados, excluindo as zonas que necessitaram de alterações estruturais. Dos três compartimentos demolidos junto à entrada, foi escolhido e cuidadosamente replicado o ornamento considerado mais bonito e distinto, realçando a nova sala unificada de estar, jantar e TV.

Na procura de alcançar um equilíbrio entre o antigo e o moderno, o corredor, as casas de banho, a despensa, a lavandaria e a cozinha receberam tetos falsos de modo a ocultar as instalações técnicas necessárias, tais como o AVAC, garantindo conforto térmico.

O piso de madeira original foi totalmente restaurado, complementado com a colocação de pedra natural e mosaico hidráulico em áreas de serviço, instalações sanitárias, lavandaria, despensa e cozinha. O padrão dos mosaicos influenciou o design de vários elementos de mobiliário, incluindo armários para os copos e portas de correr da cozinha.

Diferentes soluções para arrumação foram um foco essencial, com aparadores, estantes, armários, uma lareira móvel, mesas de estudo em vidro e roupeiros estrategicamente projetados. Até os rodapés dos roupeiros foram aproveitados para arrumação, já que os rodapés originais recuperados tinham 20cm de altura.

Foi ainda dada especial atenção à iluminação, na tentativa de realçar elementos originais de destaque ao lado de elementos contemporâneos adicionados, procurando alcançar uma combinação harmoniosa.

Ambos os antigos quartos interiores foram transformados em duas instalações sanitárias cada, garantindo assim que nenhum dos quartos ficasse sem luz ou ventilação naturais. Por outro lado, duas das instalações sanitárias originais (as principais e que serviam todos os quartos) foram transformadas em mais uma suíte.

Para aprimorar a separação entre áreas privada e social, uma instalação sanitária social foi estrategicamente colocada junto à cozinha e antes da porta pivotante espelhada de acesso a todos os quartos, contribuindo assim para a tão desejada separação entre espaços privado e social dentro dum apartamento.

Em resumo, a intervenção visou alcançar uma integração harmoniosa entre o antigo e o moderno, criando um espaço de convivência onde o charme do antigo e a funcionalidade e minimalismo do contemporâneo coexistem em perfeita harmonia.

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