A arquiteta brasileira Andrea Chicharo interpreta um apartamento no histórico bairro do Chiado onde o uso da cor e do mobiliário de design contrastam com o passado e saúdam o presente.
Projeto: Andrea Chicharo / Fotografia: Gui Morelli / Texto: Isabel Figueiredo
A Lisboa dos muitos bairros históricos e das sete colinas, que em tempos viveu anos de abandono e de indiferença, com alguns dos seus edifícios e casas devolutos ou em avançado estado de deterioração, é hoje um cenário longínquo. São várias as empresas e organizações, particulares incluídos, que têm vindo a ocupar-se da sua recuperação, mantendo as características arquitetónicas de época, recuperando as fachadas destes edifícios com história, libertando os interiores dos excessos, aumentando a sua funcionalidade e providenciando-lhes mais luz natural. Neste caso em particular, a arquiteta brasileira Andrea Chicharo, que há anos opera entre o Rio de Janeiro, São Paulo e Lisboa, teve uma oportunidade rara: a de solicitar as alterações desejadas antes mesmo da entrega do imóvel, que foi comprado por uma família brasileira ainda em planta.
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“Foram poucas as modificações na área social, mas foram as suficientes para alterar em profundidade a planta do apartamento, ampliando a sala e promovendo muito mais a necessária funcionalidade para o dia-a-dia das suas proprietárias, mãe e filha, que gostam de passar as suas férias em Lisboa”, conta Andrea.
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Originalmente, o apartamento tinha um hall na entrada e um outro que separava a sala da cozinha. Andrea removeu o segundo hall, integrando o espaço na sala. Ao gizar um grande painel em nogueira, que esconde a entrada da cozinha, o WC dos hóspedes e o armário que ficava no corredor, a sensação de amplitude foi potenciada. Outra das mudança que tiveram lugar, foi a transformação do lavabo social em casa-de-banho, espaço que hoje apoia o quarto destinado aos convidados, adjacente à sala.
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“Como tudo foi definido ainda durante a obra, na altura em que o apartamento foi entregue só tivemos de resolver os detalhes de decoração”, explica Andrea.
A opção recaiu numa decoração “bem contemporânea, que contrasta com as portas e janelas originais, em arco, de onde se tem uma bela vista para o rio Tejo. Como há apenas uma sala, que serve para a TV e para receber, o mobiliário foi escolhido para ter múltiplas funções: poltronas para leitura, para uma roda de conversa, sofá confortável, mesinhas de apoio”. A seleção de móveis de design italiano, assim como os da sala de jantar, que juntamente com estante, de linhas finas, serve para dispor pequenos objetos, reúnem o seu gosto por uma combinação de materiais, a marca da arquiteta. Neste sentido, há espaço para o móvel-buffet de vidro pintado, e também para o espelho, o mármore, a madeira e o sisal. “Tudo para trazer aquela bossa bem brasileira ao apartamento”. Nas paredes, que ganharam um tom forte de azul, chamam a atenção duas obras: um quadro de Manoel Novello, trazido do Brasil pela proprietária, e um painel de azulejos do século XVIII comprado num antiquário de Lisboa.
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“Nos quartos, que não eram muito grandes, tudo é muito aconchegante com diferentes padrões, vistos nos papéis de parede – e que é sempre uma textura a mais para aquecer o ambiente –, bem como soluções como a cabeceira de ponta a ponta, no quarto da filha, e a escrivaninha ao lado da cama, na suíte da mãe. Uma casa bem portuguesa, com um sotaque tropical.