Famílias alargadas pedem espaço, e se o prédio, em plena cidade de Lisboa, tiver espaço para todos, incluindo os avós, então tudo se configura para um habitar feliz e pleno. Um projeto de família, mas também um caso de elegância e harmonia a reter.
Fotografia: Carlos Vasconcelos e Sá / Texto: Isabel Figueiredo / Produção: Amparo Santa-Clara
Localizada em Lisboa, esta casa desenvolve-se em três andares e é habitada por uma família composta pelo casal e os seus quatros filhos – duas raparigas e dois rapazes.
O prédio pertence à família, nos dois primeiros andares vivem os pais da proprietária e nos três últimos a família, nossa anfitriã. Chamemos-lhe, por isso, um triplex, que se desenvolve da seguinte maneira: no primeiro andar convivem uma sala de estar e duas suítes, no segundo piso ficaram alojadas outras três suítes e uma casa-de-banho para as visitas e, por fim, para o último nível (e já lá vamos à parte da vista!), foram destinados uma sala comum, com zona de estar e zona de refeições, e a cozinha.
Para não nos alongarmos muito, e se começarmos pelo fim, ou seja, pelo último andar, salientamos a amplitude espacial, a iluminação natural que entra sem rodeios e aquele terraço que funde o interior com o exterior e deixa ver a vista, magnífica, sobre a cidade.
Dividida em oito espaços, sejam de estar, de dormir ou de refeições, esta é uma casa que tem tudo para acolher quem ali habita com o máximo conforto – a começar pelo facto de todos os quartos terem sido transformados em suíte, fruto de uma remodelação, um projeto que envolveu a união de duas frações.
Neste plano aberto, que junta os espaços de estar e de comer, bem como a cozinha de linhas limpas, a luz natural e a vista contribuem para uma das maiores valências deste projeto de família. É naquela sala do último andar, onde todos convivem sem atropelos, e onde se preparam refeições à vista, que os membros desta família alargada mais tempo passam. E percebemos tão bem a razão da sua preferência!
Ao longo do triplex, destacam-se a qualidade dos acabamentos e a simplicidade, acima da quantidade, dos acessórios e peças de mobiliário eleitos; e voltando à cozinha, esta linearidade e clareza visual é notável, graças aos armários em madeira branca embutidos, às muitas janelas no lado oposto do espaço, ao chão de madeira em tábua corrida, larga e clara, aos sofás brancos… e é sobre esta tela clara e suave que convivem apontamentos de cor, observados nas almofadas, nos tapetes e nalgumas das obras de arte e peças escolhidas para figurarem na estante de parede.
O olho dirige-se ainda para uma ou outra solução de decoração com impacto – referimo-nos, por exemplo, à mesa da casa de jantar que era um antigo carril de elétrico, à escultura de madeira do Pedro Ramos, ao quadro de Manuel Caeiro ou à escultura de Inês Norton de Matos.
Nos pisos inferiores, esta opção por manter as paredes brancas e o chão de madeira clara prossegue. Da mesma forma que prossegue este diálogo inteligente entre a base suave e os apontamentos de cor, na sua maioria vistos nos têxteis e alguns acessórios. Bom exemplo disso é, mais uma vez, a sala de estar do primeiro piso, onde esta história feliz começa.
E se julgavam que nos havíamos esquecido de descrever a envolvente, bom, não é que sejam necessárias muitas palavras. Há o rio, os telhados, os monumentos de Lisboa. Há por onde espraiar a vista, que disso não sobrem dúvidas. E é mesmo tão bonito tudo aquilo que a cidade nos revela, a partir deste terraço no último andar.