Localizado numa rua estreita e com vista para uma parede grafitada, este apartamento no Porto nasceu da transformação de dois T1. Um projeto assinado pelo escritório Vazio Arquitetos, que conseguiu transformar o que poderiam ser problemas em particularidades.
Projeto: Vazio S/A Arquitetos / Fotografia: João Morgado / segundo memória descritiva
Localizado no núcleo histórico do Porto e concluído este ano, este apartamento térreo de 130 m2 é estreito e profundo – uma característica da malha urbana da zona onde está implantado. A sua iluminação natural é feita através de duas frentes – uma privada e outra pública -, sendo a primeira um jardim que quase parece secreto, e a segunda uma rua estreita marcada por grafitters locais – um deles , um stencil que diz “Saudade 500 mg” e que fica em frente à janela de uma das divisões do apartamento poderá ser Add Fuel.
“Saudade 500 mg, uma mensagem melancólica e codificada, usa esta palavra única da língua portuguesa que diz muito sobre um país que se abriu repentinamente ao turismo e aos estrangeiros de língua portuguesa. Outras mensagens refletem os efeitos colaterais dessa indústria – ‘Tourist go home’ -, manifestos e apelos – ‘Contra o aumento do custo de vida, participe’ -, e outros são surpreendentemente simpáticos – ‘Hoje é um bom dia!’ -, ou amorosos – ‘Eu amo-te, Cristina’. O fato é que o pequeno caos destas frases que se apropriam do espaço urbano está numa zona estreita da Travessa – tem menos de três metros de largura – e está estampado numa parede que fica na direção dos três quarto. Ou seja, é um curto-circuito inesperado entre o doméstico e o público”, comentam os autores do projeto.
O apartamento em si é a fracção de rés-do-chão de um edifício da autoria do atelier de arquitectura Pedro Ferreira e onde originalmente se situavam dois apartamentos T1. O projeto que mostramos agora, transformou os dois T1 num T3, e por isso, a planta é em forma de ‘U’, envolvendo a escada comum.
No interior, sala da suite é dominada pelo tom vermelho, a cozinha é estruturada por armários verde-água numa configuração tipicamente portuguesa, e as casas de banho são marcadas pelo pavimento geométrico.
Em comum, todas as divisões recebem uma abundante luz natural que vem da rua grafitada e do jardim secreto.