Por a 2 Março 2023

Concluído em setembro de 2022, o projeto desta penthouse em Lisboa, com assinatura do atelier de arquitetura e de interiores de Rita Valadão é como uma enorme janela que espreita a cidade. Um miradouro onde a luz natural e o design italiano são a nova morada de uma família com gostos cosmopolitas.

Projeto: Rita Valadão Texto: Isabel Figueiredo / Fotografia: Ricardo Oliveira Alves

São 223 metros quadrados de área e uma vista sobre Lisboa como poucas, sem rodeios ou ameaças. Assim como um miradouro, toda a extensão de superfície envidraçada que abraça os vários espaços comuns, mas também os de dormir, permite uma panorâmica de 360 graus sobre a cidade. Privilégio de poucos.

O apartamento aloja-se no último andar do edifício Casal Ribeiro, com arquitetura de finais do século XIX, e entretanto objeto de uma reabilitação integral, sem prejuízo da sua historicidade e sem comprometer a dos edifícios em redor, pelo contrário, “transportando a sua majestosa elegância de outros tempos até aos dias de hoje.”

O desafio era grande. Havia que considerar os hábitos da família, que antes habitava numa casa com outras dimensões, numa cidade (São Paulo, Brasil) onde cabem muitas “Lisboas”, e proporcionar uma vivência desafogada, mesmo que num espaço mais reduzido. “O apartamento foi-nos entregue apenas com algumas paredes, também elas alvo de algumas alterações, por forma a que fosse levado a cabo um projeto de arquitetura de interiores integral, desde a planta de iluminação, à rede elétrica e hidráulica, incluindo o layout do mobiliário”, escreve-nos a arquiteta Rita Valadão.

Por se tratar de um apartamento cujas paredes exteriores atuam como autênticas “cortinas de vidro, tivemos de equilibrar o ambiente mais frio e procurar o conforto que só as madeiras, têxteis e a paleta de cores quentes consegue importar para os espaços”.

A principal característica desta penthouse é, segundo Rita, o facto de toda a área principal abarcar vários ambientes diferentes dentro do mesmo espaço: “Do espaço para o pequeno-almoço, que pode ser usufruído ao balcão pensado para pequenas refeições, à mesa de jantar principal e, logo a seguir, a sala de estar, com uma pequena zona de trabalho e o canto para ver televisão e os momentos de leitura”.

Outra característica notável, continua, “é a intensidade de luz natural que irrompe pela sala dentro”. Para tirar o máximo proveito da luz do sol sem aquecer demasiado o espaço, e sem danificar o pavimento e o mobiliário, “pensámos numa película para os vidros, de controle solar, com um elevado nível de transmissão de luz visível, permitindo uma grande capacidade de redução de calor”.

Havia, de entre os vários objetivos propostos, que conciliar o espaço que o apartamento oferecia com as necessidades essenciais dos clientes. “Daí ajustarmos o layout em termos espaciais para proporcionar áreas de arrumação suficientes sem comprometer a estética”.

Todo o projeto de arquitetura de interiores, incluindo o design, foi desenvolvido pelo atelier. “Foi desenhado cada detalhe interior, desde os frisos nas paredes, rodapés, pavimentos e revestimentos em pedra mármore, nas instalações sanitárias, aos armários de cozinha, mas também o walk-in-closet, o armário na sala (com diversas utilidades, tais como apoio à entrada principal, louceiro e garrafeira), a estante para livros e objetos, entre outros”. Foram ainda desenhadas as cabeceiras de cama para cada quarto.

O mármore italiano Fior di Pesco foi cuidadosamente escolhido com o objetivo de conciliar a estética à função. A resistência do próprio mármore e o veio natural da pedra, entre outras características, permite um desenho contínuo, único e diferenciador para cada painel.

Por seu turno, a madeira de nogueira, com um acabamento muito natural e sem velaturas, selecionada para toda a carpintaria fina, não compromete o estilo da casa. “Gosto particularmente do veio que esta madeira oferece, um clássico elegante intemporal”.

Quando ao mobiliário de design, este compõe-se maioritariamente de marcas italianas, caso da Baxter, da Porada e da Moroso, mas também de algumas peças com a assinatura da espanhola Patricia Urquiola, nome incontornável do panorama do design contemporâneo.

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