Por a 8 Fevereiro 2023

“A Cidade e as Serras” é a obra literária para onde o imaginário nos remete quando estamos na Biblioteca Municipal de Baião. Conheça o projeto.

Projeto: Traço Alternativo Arquitetos / Fotografias: Alexander Bogorodskiy / segundo memória descritiva

Nada nos parece mais apropriado do que uma biblioteca que foi beber inspiração a uma obra literária. Neste caso específico, trata-se da Biblioteca Municipal de Baião, no Porto, e o livro em questão, “A Cidade e as Serras” de Eça de Queiroz. O projeto de arquitetura é assinado pelo escritório Traço Alternativo Arquitetos.

Sobre as principais premissas que estiveram na base deste projeto, a memória descritiva enuncia a reconversão – um dos volumes da biblioteca foi em tempos uma escola primária -, a fusão entre o passado e o presente, a polivalência do edifício enquanto equipamento, as relações entre novo e antigo, cheio e vazio e aberto e fechado.

A entrada na biblioteca faz-se onde outrora se entrava para a escola. Num gesto simbólico que materializa as novas gerações a seguir as anteriores, todas em busca de conhecimento. Chegados à receção, chegamos também ao coração do equipamento. Daqui pode-se aceder a todo os espaços: ao bar com esplanada, aos serviços administrativos, às salas de formação, ao espaço expositivo e ao pequeno auditório.

Um núcleo de acessos verticais, permite aceder ao piso superior onde funciona a secção dos adultos, que permite contemplar a silhueta das serras no horizonte (remetendo para o imaginário da “A Cidade e as Serras” do Eça, e no piso inferior está localizada a secção infantil, que permite a articulação com o jardim por forma a possibilitar várias atividades educativas.

Houve a necessidade de criar uma segunda entrada, que permitisse o acesso a pessoas com dificuldades de locomoção. Essa segunda entrada também permite responder à premissa conceptual da polivalência do equipamento, pois permite que este tenha outros usos em horários em que a biblioteca está encerrada. Permite acesso a um espaço expositivo, a um pequeno auditório, a uma sala de formação e a um bar de apoio, potenciando as mais diversas manifestações e eventos culturais. Este edifício também pretende ser um espaço das artes, da cultura. Um lugar de reunião e convívio.

Os dois corpos que formam hoje a biblioteca fundem-se numa só entidade, e isso é conseguido através do uso dos mesmos materiais que revestem o interior e o exterior dos dois volumes, que apesar de distantes no tempo estão próximos na sua materialidade e imaterialidade. Contrastam sem serem contrastantes.

Como as pessoas que habitam esta região, que são extremamente abertas, francas, hospitaleiras, transparentes, assim o edifício foi concebido com grandes janelas e muita luz. Uma obra franca e honesta.

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