Por a 10 Agosto 2022

Passaram 90 anos desde que Holger Nielsen, um jovem metalúrgico, foi bafejado pela sorte ao ganhar um automóvel num prémio de lotaria local. A história da Vipp começa alguns anos mais tarde, com o primeiro balde de lixo com pedal – e talvez o mais icónico de sempre –, mas aquele dia de primavera de 1932 daria início a uma história de amor. E de sucesso.

O balde de lixo com pedal Vipp está no ‘top of mind’ da maioria de nós. A história da empresa familiar dinamarquesa começa em 1939, quando Holger Nielsen, jovem metalúrgico, cria um balde de lixo controlado por pedal para o salão de cabeleireiro da sua mulher. E nos 50 anos seguintes, aquele objeto é encontrado da maioria das clínicas dinamarquesas.

Em 1932, Holger, que havia sido premiado com um carro na lotaria do estádio de futebol local, decide vender o veículo e investir o dinheiro num torno de metal para trabalhar com uma das suas grandes paixões – o aço. Apesar de adorar carros, o jovem dinamarquês não tinha carta de condução, como tal usou a sua habilidade artesanal e conhecimento do metal ao serviço da comunidade e equipou o salão de Marie  com um balde de aço, robusto e resistente, que entraria em produção mais tarde.

Nas décadas de 1940 e 1950, o balde de lixo Vipp com pedal pode ser encontrado na maior parte das clínicas da Dinamarca, tal é a demanda das ciosas esposas de médicos e dentistas que frequentam o salão de Marie, o que leva ao pedido de mais caixotes e obriga Holger a iniciar a produção em maior escala.

Volvido quase um século, esta empresa familiar, que ainda produz baldes de lixo, evoluiu para outras áreas, com um portfólio alargado de produtos de design industrial desenvolvidos a partir da filosofia funcional do ‘Vipp pedal bin’. Em 2009, o balde de lixo passa a fazer parte da coleção permanente de design do MoMA em Nova Iorque.  

Não era para ser assim…

Talvez hoje já não se desenhem histórias destas. O elegante Vipp nunca esteve destinado ao mercado. Originalmente, foi feito apenas como uma ferramenta útil para uma mulher em apuros. Mas assim funcionam as histórias de sucesso. E como tudo evolui, as novas técnicas de produção (1949) deram origem a uma tampa com uma outra forma –  em vez de soldada, ondulada, exibe uma forma arredondada. Por essa altura, Jette Egelund, a filha mais nova de Holger Nielsen, já fazia parte da família – em boa verdade, Jette cresceu com o Vipp, porque a fábrica Vipp foi instalada no quintal da casa onde cresceu.

Em 1992, Jette assume a empresa do pai com apenas mais um funcionário operando no setor da metalúrgica. Apoiada pelos dois filhos, Kasper e Sofie, Jette está determinada a introduzir os princípios de funcionalidade do pai nas casas particulares. Kasper, com formação em gestão, comanda os destinos da empresa como CEO e Sofie, designer gráfica, ajudou a desenvolver a identidade visual da marca.

Nos anos 2000, o balde Vipp começa a ser passeado debaixo do braço nas muitas visitas que Jette faz às melhores lojas de móveis e design da Escandinávia. E esta atitude começa a dar frutos, fora de fronteiras, quando o balde de lixo mais famoso de sempre vê ser reconhecido o característico design industrial dinamarquês e a The Conran Shop encomenda várias peças para as lojas de Londres e Paris.

Mais tarde, nasce um piaçaba e em 2006, o designer-chefe da Vipp, Morten Bo Jensen, é incumbido de levar o legado de Holger rumo ao futuro, nascendo daí um cesto para a roupa suja. Em 2015 são lançadas os primeiras luminárias, em 2017 é criada uma bandeja e a família de produtos Vipp vai crescendo e o catálogo de ofertas vai sendo ampliado, até nascer (2019) a primeira coleção completa de mobiliário a partir da aposta em projetos como o Vipp Hotel.

Há dois anos, reabre a ‘Vipp Home’, a loja e showroom na Ny Østergade, na parte antiga de Copenhaga, após um projeto de remodelação.

O novo interior abraça a transformação de uma marca de acessórios para um universo de design completo de iluminação, móveis e cozinhas. Ao assimilar cozinha, casa-de-banho, sala de jantar e sala de estar, a casa Vipp é naturalmente preenchida com obras de arte pessoais, têxteis e vislumbres dos 90 anos de existência da empresa, refletindo a decoração pessoal encontrada numa casa real. E esta coleção para a casa pode agora ser encontrar em Portugal, pela mão da Banema Studio.

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