No projeto que assina para a edição que agora decorre da CASACOR SP 2022, o arquiteto explorou um olhar otimista numa paleta de cores alegres e terrosas, mostrando que a rusticidade do Sertão também pode ser elegante.
Fotografias: Denilson Machado
Um dos principais expoentes da nova arquitetura brasileira, Nildo José, participa pela quinta vez na CASACOR São Paulo, desta vez com um ambiente assinado especialmente para a marca Portinari. A mostra, que este ano celebra 35 anos de existência decorre até 11 de setembro sob o tema “Infinito Particular”. No projeto, o arquiteto assina o espaço “Sertão Portinari”, que teve como principal inspiração a obra “Cangaceiro”, do maior artista plástico brasileiro Cândido Portinari, para a marca que conta com o nome inspirado no do artista. O ambiente para a mostra de decoração faz também um resgate às origens de Nildo.
No projeto, Nildo José explorou os elementos mais valorizados do Sertão, como o céu, a chuva e a fé, para dar vida ao ambiente de 250m². “Sempre achámos que o sertão é sobre a terra, sobre a seca. Quando na verdade, é sobre o céu, sobre a chuva que está por vir e sobre a fé. É para o céu que olhamos quando acordamos ali”, completa o arquiteto.
Ao chegarem à entrada do Sertão Portinari, os visitantes passam por um pórtico imponente que os encaminha para o interior do espaço que valoriza os tons terrosos. A escolha das cores foi inspirada numa paleta presente nas obras do maior artista plástico brasileiro, Cândido Portinari. Rusticidade, elegância e encantamento são três características do ambiente.
Sob uma iluminação intimista, o pavimento do espaço foi revestido com a coleção Boulevard, que confere ao chão um aspecto de terra batida. Nesta paleta de cores predominantemente terrosa, o monocromático é quebrado com o azul da cerâmica Aqua, que representa o céu e a água.
O projeto poetizado por Nildo José, traz ambientes integrados e fluidos, num equilíbrio entre formas orgânicas e linhas retas.
Um brise-soleil formado pelos bricks Senses Decor contorna todo o ambiente, e faz referência ao sistema construtivo de taipa na região. Esta relação, cria um efeito inusitado entre a rusticidade do Sertão e a elegância da proposta apresentada. Ainda valorizando a versatilidade das cerâmicas da Portinari, a mesa do escritório e a bancada da cozinha, exploram a grandeza da lastra Gran Metal. Com marcenaria da Ornare, a bancada central com detalhes em palha serve de estação para cozinhar e, ao mesmo tempo, compartilhar bons momentos.
No centro do espaço há uma ilha circular que divide as funções da casa: de um lado está um bar e uma lareira que formam um lounge, e do outro, uma parte da estrutura serve para o quarto de banho, que conta com vidros e um espelho da Silvestre Vidros. No quarto, a Cama Dobra, da Wentz Design, confere ao espaço conforto e um ambiente próprio para relaxar.
O ambiente é composto por zona social, lounge, cozinha, sala de jantar e quarto principal com escritório. Na cozinha e casa de banho, destaque para louças e metais Deca. No teto e paredes, Nildo usou revestimentos Duratex no padrão Nogueira Venêto, um redesign das clássicas nogueiras italianas, que harmonizam a tradição e o contemporâneo.
Na área social, destacam-se a mesa retangular, produzida por Sandra Ortho Esculturas e cadeiras Bambolê da +55 Design. No teto da zona social, um grande candeeiro garante um ar mais despojado ao ambiente que também ganhou o imponente Sofá Abapo, de Roberta Banqueri.
De salientar que, o espaço conta mobiliário assinado por designers consagrados e novos, como por exemplo as Poltronas Paraty, assinada por Sério Rodrigues; a Poltrona Kanga, de Ricardo Van Steen; as poltronas Ondine, de Jorge Zalszupin; a Poltrona Cordial, de Victor Vasconcelos; e as Poltronas MP97, de Percival Lafer, entre muitos outros.
A tecnologia também está presente na instalação. Durante toda a mostra existem projetores com imagens reais de terra, e sons de água da chuva e crianças a brincar nas poças, recriando uma vivência de pureza e alegria. Para finalizar, a obra de arte central do espaço é denominada de “Os Brasileiros’’, do artista Juraci Dórea