Por a 28 Dezembro 2021

Lucas y Hernández-Gil assinam o projeto de recuperação desta casa caiada, construída no século XVIII, localizada na praça principal de Villalba de los Barros, uma pequena cidade na região de Tierra de Barros, em Espanha.

Arquitetos: Lucas y Hernández-Gil / Área: 380 m² / Ano: 2018 / Fotografias: José Hevia / Segundo a memória descritiva dos arquitetos, via Archdaily

O olhar aponta na direção da torre do antigo castelo de Villalba, uma construção fortificada que domina a pequena cidade de casas caiadas. Uma destas casas, talvez a mais singular, é o ponto de partida do projeto.

Trata-se de uma hospedaria rural que se adapta com total respeito à arquitetura original, dando valor e realçando todas as características originais perdidas com o passar dos tempos, mas também adotando e incorporando o novo uso e as suas exigências a partir de uma perspetiva contemporânea.

A casa, de dois pisos, possui uma configuração típica, com três galerias de parede estrutural e abóboda no piso térreo, abrindo-se à praça da entrada, por um lado, e a um pequeno pátio, do outro. Neste nível, foi incluída toda a parte social: hall, sala de estar, cozinha, sala de jantar e pátio.

Todos os espaços originais foram recuperados, mas além disso foram incluídas novas aberturas para o pátio e entre os quartos para abrir, deste modo, perspetivas e obter mais luminosidade.

Do ponto de vista material, foi utilizada uma argamassa de cal bruto em todas as paredes e pintura com cal nas abóbodas.

O chão de barro original já não existia, mas os arquitetos socorreram-se dos oleiros da região que fabricaram artesanalmente novas peças, de textura e vibração similares aos antigos pavimentos – e, hoje, apenas a disposição diagonal e irregular dos desenhos, em referência às coberturas, permite diferenciar e datar este revestimento como contemporâneo.

Esta cerâmica manual estende-se também ao exterior, do pátio até à borda da pequena piscina que foi construída para refrescar os calorosos dias de verão. O trabalho de carpintaria também se destaca, tanto pelo cuidadoso restauro dos elementos originais, ricamente decorados, como pelo trabalho nas novas portas, janelas, persianas e as suas ferragens.

O conjunto de quartos aloja-se está no piso superior, um antigo ‘sobrao‘, utilizado como armazém e para curar doenças. Este nível foi reestruturado quase por completo, mas tanto nas características de escala, como ao nível dos acabamentos e mobiliário, houve todo um esforço em manter a atmosfera e caráter singular da casa.

A casa rural conta com 3/4 quartos e três casas de banho, hall, sala de estar, cozinha, sala de jantar, pátio e adega. Está equipada com instalações modernas para garantir o máximo conforto. Houve um especial cuidado tanto no uso dos materiais, como no dos sistemas de climatização, na sua sustentabilidade, alinhado à lógica que a própria arquitetura vernacular representa.

O objetivo e a maior conquista neste projeto foi fundir a intervenção do coletivo espanhol com a arquitetura preexistente num processo de descobrir e revelar “o que desaparece nas nossas mãos para que cada elemento encontre a sua ordem natural, a sua expressão verdadeira”.

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