Por a 17 Agosto 2021

O arquiteto Gui Paoliello assina o projeto de remodelação de uma casa, na deliciosa Vila Madalena, em São Paulo, bairro artístico, onde o casal pode ficar, nos dias em que não apetece regressar a casa, fora da grande metrópole, e dar asas à sua criatividade.

Arquiteto: Gui Paoliello; Fotografia: Manuel Sá / Segundo a memória descritiva via Archdaily

O projeto partiu da uma premissa: a de recuperar e remodelar uma pequena casa na Vila Madalena para que abrigasse o uso residencial eventual e também um estúdio ou sala de ensaio, como um espaço de apoio para um casal que mora fora, mas trabalha na cidade.

O volume, em loft, alojado num lote estreito e profundo apresentava-se como uma construção comprida e compartimentada, encostada a uma das casas vizinhas e com um recuo de 1,5 na outra parte lateral. A remodelação resultou numa proposta com mudanças pontuais, que respeitassem a lógica estrutural da casa e valorizassem alguns elementos originais; procurando estabelecer poucos ambientes, amplos, integrados, fluidos e bem iluminados.

O volume principal da casa, a cobertura em duas águas e a antiga escada de madeira ao centro da planta foram mantidos, valorizados e recuperados. Esta escada recebeu uma nova pintura e serve hoje como elemento divisório, devido à sua posição, separando os dois níveis do imóvel em duas espacialidades: frontal e posterior.

As paredes do piso térreo foram demolidas unindo os espaços e os grandes caixilhos de vidro criaram uma ligaão visual com o jardim, no corredor lateral, promovendo mais amplitude, assim como a maior entrada de luz e ventilação.

Na zona frontal do piso térreo, o espaço integrado de cozinha, refeições e de estar tornou-se a entrada da casa. A cozinha, antes localizada no nível superior, forma um ambiente descontraído e simples, composto apenas por uma bancada de trabalho e prateleiras todos em inox com armários em ripados de madeira em baixo.

A metade posterior do piso térreo, antes uma sequência de espaços compartimentados, foi transformada numa ampla sala de ensaio, que se integra com a zona de estar/cozinha por meio de uma porta de correr. Uma torre de serviço foi construída no fundo do corredor abrigando todos os ambientes hidráulicos, casas de banho nos dois níveis, bem como um tanque de apoio no piso térreo.

No andar de cima, os elementos de madeira da cobertura original foram recuperados e mantidos aparentes acompanhando o telhado e caracterizando as espacialidades do vazio lateral à escada, das circulações e do mezanine sobre a zona de estar/cozinha.

No espaço posterior deste piso, sobre o estúdio, foi criada uma antecâmara/vestiário seguida de dormitório. Na parte frontal, o mezanine, um pequeno espaço de trabalho, ganhou novas aberturas para a frente, em caixilhos de madeira reaproveitados e relocados, com ligação a um deck, ou solarium, suspenso sobre o abrigo dos automóveis, contiguo à rua, espaço expandido e todo executado num ripado de material sintético, que se estende à fachada do imóvel.

A pequena casa dispõe de todos os sistemas de captação de energia solar gerando aquecimento de água e energia elétrica. Assim como um sistema de reaproveitamento da água pluvial, em tanques verticais discretamente alocados junto às paredes. Desta forma, a Casa Vila Madalena pode ser considerada uma construção praticamente autossuficiente.

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