Por a 29 Setembro 2020
Naquela rua, em Leça da Palmeira, a casa devoluta mostrava bem que a beleza e nobreza de outros tempos tinham-lhe sido roubadas pelos anos sem cuidados ou manutenção. Muitos olhos já a ignoravam, tão habituados a vê-la assim todos os dias. Foram, contudo, necessários os olhos treinados da designer Sheila Moura Azevedo para lhe devolver o brilho.

Por: Shi Studio / Fotografia: Pedro Mendes

No seu comentário, com uma ponta de excitação, “tem pano para mangas”, a designer Sheila Moura Azevedo (Shi Studio) já reconhecia naquela casa uma boa dose de potencial. De facto, os 200m2 e as três frentes da casa fizeram sonhar os seus olhos treinados. Antevia já dias de renovado orgulho para a propriedade, dias de cheiro de tinta nova nas paredes, de novas madeiras no chão, de uma funcionalidade atual, de um passado de maus tratos deixado lá mesmo – no passado – e um futuro de novos habitantes, de crianças a correr pela sala, de vida nova!

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Depois do contrato assinado, e a chave entregue, foi feito o levantamento de medidas – primeiro passo para o projeto de reabilitação.

O atelier Shi Studio, liderado por Sheila, desenvolveu o projeto de recuperação da casa, cuja premissa assentava na promessa de trazer a modernidade à casa sem, contudo, esquecer a traça antiga e o caráter, que é fundamental respeitar. Foram mantidas as características de época – caso do soalho corrido de madeira de Riga, o mosaico hidráulico, o desenho de alguns pormenores.

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É que para Sheila Moura Azevedo, “uma casa antiga é tão válida quanto uma casa construída no ano passado”. A designer acredita também que “estas casas com memória merecem uma nova oportunidade, que se convidem novas famílias a vir habitá-las, desde que as casas consigam responder às necessidades da vida de hoje – e esta é a minha função”.

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Surge, entretanto, uma cliente que quer habitar a casa. Ao projeto de arquitetura é preciso juntar agora o de decoração, a definição pormenorizada de cada móvel, de cada candeeiro, de cada cor, do local de tudo e para tudo – e que possibilite que a nova habitante do espaço ali viva confortável e segura. É então feita a análise desta nova personagem, a interpretação de quem é, do que gosta, do que lhe dá prazer e do que não gosta de todo. É preciso ver como juntar as memórias da vida que traz consigo, dos objetos que transportará para esta casa, com as coisas novas de que necessita. É preciso transformar esta “casca” que é a casa num lar onde deve ser feliz e onde vai receber filhos e netos. Neste cuidado de misturar memória com novidade assegurou-se a harmonia, a qualidade, a durabilidade, a facilidade de manutenção e limpeza, os aspetos técnicos aos estéticos, resultantes em funcionalidade e conforto.

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Entre o início e o fim da história feliz desta casa fica uma obra de reabilitação interior completa.

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No resultado final, salienta-se a luz, que é aproveitada ao máximo, o espaço sala-cozinha, que tanto se pode abrir como fechar através de portas de correr em ferro e vidro, a casa de banho poética do rés-do-chão, onde foi feita uma ilustração diretamente na parede, o quarto intimista e de meditação, a lavandaria com muita arrumação e acesso direto pela zona de estacionamento, o espaço de música e leitura no topo das escadas, a máster suíte, com um espaçoso closet, a casa-de-banho da suíte, com banheira e duche onde pontifica o mármore Carrara, o escritório de toque oriental, e o aconchegante espaço exterior ligado diretamente à sala de estar.

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Outros desafios estão já em curso e novas famílias irão ter “casas novas com memória.”

www.shistudio.pt / [email protected]

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