Por a 3 Junho 2020

Finalista nos prémios FAD Arquitectura 2019, o projeto de recuperação e renovação tem a assinatura dos arquitetos do coletivo Fuertes-Penedo.

Fotografia: Héctor Santos-Díez

A casa está localizada em Miraflores, Muros, um pequeno núcleo rural de caráter tradicional, na Galícia (Espanha), e é formado por um conjunto de casas de pedra e vários celeiros onde antes se abrigavam, secavam e tratavam as plantações de milho. O projeto de reconversão é da autoria de Fuertes-Penedo e foi finalista nos FAD Arquitectura 2019.

Localizada num terreno íngreme, a casa era originalmente composta por dois volumes anexos, que respondem ao esquema tradicional da habitação galega, onde os principais espaços eram os estábulos e a cozinha – com o forno e o frigorífico construídos em pedra.

Mais tarde, foi adicionado um terceiro volume e levadas a cabo uma série de modificações que distorceram o seu caráter original. Alinhados com a encosta, estes três volumes estão protegidos dos ventos, quase fechados às vistas imponentes do estuário de Muros, exibindo por isso um interior compartimentado, composto por pequenos e escuros espaços.

A proposta teve como ponto de partida a leitura do local: a escala do núcleo rural, a moradia preexistente, a materialidade da pedra, as vistas de 180º do estuário ou a luz do sol foram os parâmetros tidos em consideração. A ideia do projeto procura destacar a sua identidade: dignificar o preexistente e criar um espaço interior fluido, banhado de luz natural e focado nas vistas.

As decisões passaram por manter os volumes originais de pedra na sua forma, substituir o terceiro volume entretanto adicionado, devido ao seu escasso interesse, por um novo volume de cimento, a fim de concluir o conjunto construído. As fachadas de pedra mantiveram os seus espaços originais, e o novo volume exibe grandes janelas que se abrem para as vistas do estuário.

A intervenção fez uso de uma seleção criteriosa dos materiais, com o recurso à pedra, a introdução de cimento aparente e o zinco, que harmoniza os telhados. Outra decisão passou pela criação de três clarabóias de diferentes dimensões que banham o espaço da sala de jantar, o WC e o antigo espaço dos estábulos, fazendo com que a luz varra as paredes internas de pedra.

O interior é hoje um espaço fluido, com um percurso fluido ao longo dos diferentes níveis e espaços da casa. A madeira – o pinheiro galego -, foi usado como único material que unifica todo o interior, aquece os espaços e reforça a ideia da nova casa. O jogo equilibrado de luz e sombra é outra das características a salientar.

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