Por a 23 Junho 2022

Guta Louro divide a sua vida profissional entre São Paulo, no Brasil, onde tem um escritório próprio, e Nova Iorque, Atlanta e Austin, onde tem filiais do escritório americano. Contudo, e embora seja assumidamente uma apaixonada por Nova Iorque, decidiu recentemente mudar-se para o Texas.

Projeto: Guta Louro / Fotografias: Denilson Machado

Segundo a arquiteta Guta Louro, Nova Iorque, durante a pandemia, “tornou-se o pior lugar para viver nos Estados Unidos da América – uma cidade vazia, suja e perigosa”. Posto isto, decidiu procurar uma nova cidade que oferecesse melhor qualidade de vida e onde pudesse vislumbrar novos projetos. 

Viajei para o Texas algumas vezes com o meu namorado, que é de Houston, e, ao acompanhar as notícias de lá, percebi que Austin poderia ser um excelente lugar para chamar de lar”, conta a arquiteta que, depois de visitar muitos prédios, alugou um apartamento.

Exatamente por ser um apartamento alugado, o projeto de renovação não alterou a planta do imóvel, que é, inclusive, muito bem resolvida, segundo a arquiteta.  Sendo assim, o projeto materializa um conjunto de histórias de Guta Louro, uma mistura cultural e uma junção de cores e texturas que compõe um espaço alegre e receptivo.

Estar no Texas serviu de inspiração e o projeto acabou por seguir um estilo boho chic, que traz de volta o charme da década de 60, mas sem simular a era hippie. 

No que se refere à decoração, todas as obras de arte foram trazidas da sua casa anterior, mas o mobiliário acabou por ficar para trás. “Decidi vender e doar tudo para criar um ambiente que representasse melhor a minha atual fase de vida”, conta Guta.

O sofá verde, por exemplo, é o modelo Gondola, criado por Adrian Pearsall em 1970, encontrado no Instagram de uma loja de móveis vintage, em Nova Jersey. O candeeiro ao lado dele é, na verdade, um chapéu africano, comprado numa feira de antiguidades no Texas, à beira da estrada, enquanto a sua base foi encontrada numa feira em Austin, numa loja chamada Revival Vintage.

De 1960 e também assinado por Adrian Pearsall, o outro sofá, com mesas laterais incorporadas, foi adquirido numa loja vintage na Carolina do Norte. As cadeiras da mesa de jantar Cesca, de Marcel Breuer, são originais dos anos 1960 e tiveram os assentos estofados com peles de cabra que a arquiteta comprou numa pequena feira na cidade Round Rock, no Texas. A mesa de jantar, que antes era castanha escura, foi pintada num tom nude para não pesar visualmente no espaço. Ainda na sala, o pequeno móvel em tons rosa e em Trencandís (técnica que consiste na criação de uma espécie de mosaico com pedaços irregulares), também foi comprada em Round Rock para fazer par com o quadro do artista Charles Fazzino.

A poltrona Luna, em couro, é uma criação do designer Odd Knutsen, de 1970, e foi adquirida num site americano chamado Chairish, que reúne antiquários e pequenos vendedores de peças vintage. O biombo japonês antigo, posicionado atrás da cabeceira da cama, veio de uma feira em Round Top.

As mesas de cabeceira orientais, em laca preta, também vieram do antiquário Revival Vintage, em Austin. Já a máquina de pastilhas sobre a mesa lateral da sala estava abandonada na casa onde o namorado da arquiteta cresceu.

Outro destaque na sala de estar são os dois tapetes sobrepostos. Um deles é um Beni Ourain marroquino, também vintage, em perfeito estado, comprado pela arquiteta diretamente a um fornecedor de Marrocos. “ O tapete tinha as medidas erradas, então, em vez de o trocar, resolvi comprar outro e sobrepor. No fim achei que ficou mais interessante”.

As três cores predominantes da área social são o vermelho, o verde e o azul, que a arquiteta adora e gosta de explorar nos seus projetos pelas inúmeras sensações provocadas por cada uma delas. O papel de parede da maior parede da sala, imita a técnica limewash, assumindo um tom que parece ser uma mistura entre os azuis encontrados na sala e o vermelho do tapete.

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