Por a 22 Fevereiro 2022

Fotografia: Ricardo Oliveira Alves Produção: Amparo Santa-Clara Texto: Isabel Figueiredo

Pintada pela mais bela luz natural, esta casa é o encontro ideal entre a arquitetura e a arte.

Quem passa nesta rua não pode, sequer, imaginar o que um antigo prédio lisboeta esconde no seu interior… que ali se guarda um verdadeiro tesouro urbano.

Gizada pelo arquiteto Aires Mateus, esta casa de família com uma vista inesquecível sobre Lisboa é um projeto de remodelação onde a interação do interior com o exterior é sublinhada pela forma como a arquitetura consegue potenciar este diálogo, sem prejuízo do existente.

Na zona das salas, e com uma iluminação fora do comum, as divisões de espaço são subtis dividindo-se por arcadas no teto; no chão, o jogo do mobiliário e dos quadros definem o propósito de cada zona e criam uma dinâmica visual.

Por ser um espaço maioritariamente branco, todos os pormenores parecem saltar de imediato à vista!

O verde da relva que parece entrar pelas enormes janelas, o chão de pedra e os quadros que se destacam em vários pontos… imediatamente percebemos que tudo está estrategicamente colocado para que o equilíbrio visual seja perfeito.

A casa de jantar que foi alojada por debaixo de uma arcada de pedra, é aberta para um dos espaços de estar. É simples, mas de uma forma envolvente. A mesa muito comprida, de madeira, e algumas peças de arte invulgares, como o candeeiro de pano sobre o aparador, imprimem ao espaço uma singularidade artística.

A cozinha, que fica num espaço semelhante ao da casa de jantar, é enquadrada também por uma arcada. Neste espaço, a combinação do pequeno rasgo de luz na janela curva do fundo e as lâmpadas no teto criam um ambiente acolhedor e familiar sem que se perca o estilo minimalista e arquitetônico de toda a casa.

No corredor, espaço que dá acesso ao piso de baixo e à zona dos quartos, uma grande janela rasgada para o jardim, é mais uma prova do cuidado que o arquiteto teve com a ligação das zonas exteriores com a casa – a janela que abre por forma de rotação, é um claro convite ao jardim!

Um pouco mais à frente, no corredor, entramo-nos num mundo de trabalho.

O escritório é equipado com uma mesa corrida e uma parede coberta de livros, e, em frente, dois janelões até ao chão iluminam naturalmente o espaço.

O quarto é um dos espaços mais surpreendentes da casa.

A janela que enquadra a vista sobre Lisboa parece trazer para dentro deste quarto uma pintura. O chão, a cama e algumas áreas de arrumação nas laterais são de madeira; as paredes são brancas. Parece um espaço simples, mas é muito mais que isso. É um local de descanso e de calma, onde nada interessa se não o bem-estar!

Integradas no espaço, mas de forma discreta, estão duas portas deslizantes que escondem toda a zona de casa-de-banho.

Num jogo de portas de correr, esta casa-de-banho pode ser completamente aberta para o quarto ou fechada, podendo ainda dividir a zona do lavatório da zona do banho.

No jardim, a relva marca encontro com uma zona de pedra, onde duas mesas de exterior criam a zona de estar.

Junto às mesas, uma espécie de poço é, na verdade, uma janela voltada para um espaço ‘’escondido’’ por debaixo da casa – uma sala de jogos, onde a família se reúne!

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