Por a 23 Novembro 2021

Situado no sopé da serra de Sintra, junto à margem da ribeira de Colares, este projeto de reabilitação incide sobre uma quinta em Galamares com um amplo terreno de meio hectare.

Arquitectura: Miguel Lopo de Carvalho Arquitectos / Fotografia: Garcês / segundo a memória descritiva enviada pelo gabinete autor do projeto.

A habitação unifamiliar pré-existente data os anos cinquenta e carateriza-se por uma arquitetura fortemente influenciada pelo Arq. Raul Lino, onde facilmente se podem observar todos os seus romanticismos estilísticos na materialização desta “casa portuguesa”.

Com três pisos, o projeto veio alterar toda a lógica programática da casa original: no piso térreo, onde outrora existia um apoio agrícola, foi colocado todo o programa social da habitação numa relação direta com a paisagem pitoresca da serra e com a sonoridade da pequena ribeira que por lá passa. Na transição para o programa privado da casa, nos dois pisos superiores, criou-se uma ampla escada bifurcada em madeira de pinho. Nestes pisos foram colocadas quatro suites e uma camarata, que se distribuem através de um corredor segmentado onde a madeira de pinho volta a ser aplicada no seu pavimento e nos seus nichos de acesso aos quartos. A utilização da madeira de pinho gera assim uma percepção de unidade material em todos os percursos estabelecidos dentro da habitação.

O projeto passou também pela alteração dos seus alçados. Conservaram-se todos os vãos onde se observaram qualidades arquitetónicas: aqui mantiveram-se as suas geometrias, as suas portadas com furações em forma de coração e a sua cor original de escarlate. Por sua vez alteraram-se todos os outros vãos onde estas qualidades não se observaram: alteraram-se as suas geometrias, maioritariamente de janelas de peito para janelas de sacada, retiraram-se as suas cantarias e omitiram-se todos e quaisquer adornos românticos pré-existentes.

No terreno foram desenhadas uma grande zona exterior coberta e uma longa piscina. A primeira, com uma só água em telha de canudo materializou-se perpendicularmente à casa e no limite do terreno da quinta, através de uma estrutura com dois grandes arcos abertos para todo o seu novo jardim. A piscina posou-se à cota da relva como um espelho, que segue paralelamente à ribeira, refletindo toda a atmosfera pitoresca da quinta: com a sua casa, o seu jardim e a sua imponente serra que se ergue a partir deste sopé.

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