Por a 19 Setembro 2025

A arquiteta Joana Bronze, do Fato Estúdio, recriou a casa de fim de semana da sua família, tendo como orientação principal a paisagem e a simplicidade.

Projeto: Fato Estúdio / Fotografias: Juliano Colodeti

Localizada numa zona que divide Minas Gerais e o Rio de Janeiro, uma propriedade com longa história familiar ganhou novos contornos pelas mãos dos arquitetos Joana Bronze e Pedro Axiotis, do Fato Estúdio. O terreno pertence à família de Joana há gerações e foi o cenário de almoços que marcaram a infância e adolescência da arquiteta. Com o tempo, no entanto, a casa original — construída pelos seus avós e herdada pelos seus pais — já não respondia às novas exigências da família.

A proposta inicial era remodelar, mas uma avaliação técnica revelou que todas as paredes da antiga residência eram estruturais, inviabilizando alterações significativas. Diante dos altos custos de adaptação, a solução mais viável foi demolir e reconstruir. “Foi uma decisão difícil, mas necessária. O nosso desejo era preservar o legado afetivo através de uma nova linguagem, respeitando o terreno e as suas memórias”, conta Joana Bronze.

Pensada como casa de fim de semana, mas com estrutura para funcionar também como refúgio para os pais da arquiteta durante a semana, a nova construção foi desenhada para valorizar a natureza. O lago, antes ignorado, tornou-se o elemento central do projeto. A implantação em formato de “L” abraça a paisagem, enquanto dois blocos principais organizam os usos: um destinado à convivência social, cozinha e suíte principal; o outro aos quartos dos filhos e hóspedes. Já o anexo de lazer, posicionado no ponto mais alto do terreno, oferece uma vista panorâmica, reúne churrasqueira, forno de pizza, mesa para 12 pessoas, sauna e piscina infinita. 

A arquitetura privilegia linhas puras, volumes definidos e integração com a envolvente. A casa principal, com 400 m², combina betão aparente no pavimento, pedra natural nas paredes e madeira cumaru no teto falso, criando uma atmosfera acolhedora e intemporal. 

O bloco dos quartos (160 m²) foi protegido por brises de madeira que garantem ventilação cruzada, filtram a luz e resguardam a privacidade dos filhos. Ao todo, a área construída chega a 760 m², incluindo o módulo de lazer, com 200 m². “Usámos pedras com acabamento mais bruto para trazer a sensação de que a construção emergiu naturalmente dali, como uma extensão do terreno”, explica Pedro Axiotis.

Na parte social, amplos painéis de vidro integram interior e exterior. A varanda projeta-se sobre o lago, promovendo uma experiência sensorial única. “É nesse espaço que o pequeno-almoço acontece religiosamente, enquanto o sol da manhã se reflete na superfície da água do lago e rebate na madeira do teto”, descreve Joana. A cozinha (com despensa e lavanderia integradas) é, intencionalmente, o espaço mais carregado de informação visual da casa – foi desenhada como espaço de memória e protagonismo, evocando a tradição dos almoços familiares.

A paleta de cores segue tons neutros e terrosos, escolhidos para reforçar a serenidade e o diálogo com a paisagem. O mobiliário, novo na sua maioria, foi selecionado de forma despretensiosa, com peças simples, confortáveis e afetivas — deixando que a arquitetura tenha o protagonismo. O estilo, contemporâneo com toques minimalistas, valoriza a iluminação natural, ventilação cruzada e a relação entre interior e exterior.