No centro de Israel e guardada por um quintal, esta casa de 1980 foi recentemente remodelada. Arte, plantas aromáticas, um piano e um viver descomplicado caraterizam os espaços, que sugerem uma contínua evolução. Como telas sempre prontas para receber mais uma pincelada.
Projeto: Ma/Deux – architecture / Fotografia: Sivan Askyo
A história da “Art House” passa-se numa casa de dois andares e 140 metros quadrados, no meio de um lindo quintal no centro de Israel. A estrutura original data de 1980 e ao longo dos anos passou por duas remodelações e ampliações.
O escritório Ma/Deux – architecture foi convidado a assinar a remodelação mais recente e contam que, numa primeira instância, ao entrarem na casa descobriram o bom gosto dos proprietários e as inúmeras obras de arte que decoram as paredes e recantos. Estas, sublinham, aliadas às plantas caseiras cultivadas (hobby do proprietário), acrescentavam um toque de magia ao espaço.
“Por um lado, ficámos entusiasmados por trabalhar com o casal na sua casa, mas também houve alguma preocupação sobre como poderíamos evitar danificar as características especiais que esta já possuía”, confidenciam.
Na estrutura original – antes desta última remodelação -, o piso térreo já funcionava como hall de entrada e zona social e no piso superior ficavam os quartos – o filho mais velho ocupava um e as filhas gémeas partilhavam outro.
Durante o processo de remodelação, o casal pediu para aproveitar o espaço existente para criar um quarto para cada criança, bem como um duche adjacente para o adolescente. Ao mesmo tempo, foi ainda criado um quarto de hóspedes e muito mais soluções de arrumação do que as que existiam.A remodelação pretendia também uma maior permeabilidade entre as várias divisões da casa – que pareciam desagregadas -, e o quintal, que antes da intervenção mal se fazia sentir no interior. a solução, passou por criar um cubo em madeira que une as várias áreas da casa.
Depois da intervenção, o hall de entrada passou a ser definido por prateleiras de ferro, pensadas para guardar as pequenas coisas que deixamos à entrada de casa – como as chaves ou os óculos de sol. Contudo, estas prateleiras também assumiram a função de divisória para os espaços mais privados no mesmo piso.
Para a sala, foi projetado um recanto de leitura. Uma estante de metal preto foi posicionada na parede norte, ao redor de uma janela e ao lado de uma lareira, e uma cadeira de leitura foi colocada entre elas. Mas, durante o projeto, a proprietária decidiu surpreender o marido com um grande e especial presente de aniversário um piano. Para a equipa de arquitetos, a surpresa a meio do projeto exigiu encontrar uma solução criativa. O piano foi então “integrado” a uma estante metálica no canto da casa, em detrimento da cadeira de leitura.
Os moradores preferiram uma paleta de cores neutras – não por medo de usar cor, mas pelo desejo de dar expressão à arte e ao colorido que já existia na casa e que eles muito valorizavam. Ainda assim, a cozinha recebeu uma parede alta e preta de armários ao lado de outros com um tom cinzento azulado.
A coluna terracota foi uma surpresa descoberta durante a obra e por isso, foi decidido contar a história da casa mantendo a sua cor. Após a aprovação dos proprietários – que ficaram tão encantados quanto os arquitetos com a perspetiva de ampliar a paleta de cores do projeto – foi decidido dar expressão ao novo ponto de cor em outros locais da casa, como o ventilador da cozinha ou as prateleiras da entrada.
A escolha por uma paleta de cores neutra desafiou também os arquitetos no sentido de procurar soluções para oferecer mais profundidade e textura. Foi então escolhido cimento para o pavimento e a madeira de bétula para o cubo e alguns dos armários.
Para a casa-de-banho, foi escolhido um azul acinzentado e para o lavabo de hóspedes usadas dobradiças cor terracota – que lembram a coluna -, e argamassa cor-de-rosa claro.