Por a 13 Outubro 2025

Este apartamento assinado por Marcin Czopek, na Polónia, demonstra como é possível conjugar com mestria o respeito pela história com a modernidade. Em 69 m2 o espaço preserva o espírito do antigo e, ao mesmo tempo, responde plenamente às exigências da vida contemporânea.

Projeto: Mistovia / Fotografias: ONI Studio / segundo memória descritiva

Situado num edifício anterior à Segunda Guerra Mundial em Powiśle, no Norte da Polónia, este elegante apartamento “envolve os seus convidados numa atmosfera acolhedora — como um casaco quente feito à medida”, explicam os autores do projeto de design de interiores, o estúdio Mistovia.

Os arquitetos combinaram com mestria os elementos originais restaurados do edifício com materiais e mobiliário modernos. Um sofá em tom mel-dourado, as madeiras quentes e inúmeros detalhes únicos criam um ambiente nostálgico, evocando a elegância de outros tempos e convidando a desfrutar calmamente deste belo espaço.

Graças ao trabalho do arquiteto Marcin Czopek, do estúdio Mistovia, o apartamento de 69 metros quadrados ganhou um novo carácter, fundindo a elegância pré-guerra com o conforto contemporâneo. Em vez de impor a sua própria visão, o arquiteto deu primazia às necessidades dos clientes, que lhe forneceram um vasto leque de inspirações.

Os elementos originais cuidadosamente restaurados são o coração do projeto: portas interiores, pavimento em espinha de madeira, um mezanino de arrumação em contraplacado e folha de madeira tingida, e puxadores em latão. Estes detalhes históricos conferem ao espaço uma atmosfera única e elegante, complementada por novos materiais criteriosamente escolhidos.

Na cozinha destaca-se a bancada em mármore, enquanto o chão do corredor, da cozinha e da casa de banho é revestido com mosaicos inspirados num padrão tradicional — os chamados “azulejos espartilho”(ou “gorset tiles”), peças cerâmicas dos anos 1930 em forma de corpete feminino.

A sala de estar é um espaço de contrastes, onde cada elemento tem o seu lugar e a sua importância. A mesa redonda dinamarquesa dos anos 1960 é acompanhada por várias cadeiras, incluindo modelos icónicos como a “Rey” da Hay e a “CH24 Wishbone Chair” de Carl Hansen & Son. O seu design expressivo é equilibrado por um cenário neutro: uma estante clara e o aplique branco “Nemo” de Le Corbusier, que harmoniza com a textura rústica das paredes. Um sofá cor de mel completa a composição, conjugando-se na perfeição com o tom quente do soalho em carvalho.

A cozinha impressiona pela precisão do trabalho artesanal e pelas soluções engenhosas. Pedra, madeira e cerâmica formam um conjunto harmonioso. A claraboia sobre o lava-loiça, que ilumina naturalmente a casa de banho, é uma referência às soluções arquitetónicas tradicionais.

Marcin Czopek sublinha: “A luz natural desempenha aqui um papel essencial. Ao longo do dia, a luz que atravessa as árvores cria um jogo fascinante de sombras.”

O quarto e o escritório surpreendem pelas cores arrojadas dos armários — um subtil rosa-pó e um tom caril quente. O mobiliário embutido no quarto, incluindo as portas, cria um efeito de portal com linhas suaves e fluidas.

Na casa de banho, mantém-se a coerência estilística do resto do apartamento. O pavimento, em característicos azulejos espartilho, harmoniza com um elegante móvel em raiz de madeira. Estes elementos clássicos são combinados com detalhes modernos, como a cerâmica branca e as torneiras em aço. Segundo Czopek, este contraste foi uma escolha deliberada para sublinhar o carácter contemporâneo do interior, sem perder funcionalidade.

A disposição do apartamento é complementada por uma iluminação cuidadosamente pensada: desde candeeiros embutidos em molduras de gesso até luminárias vintage da cozinha da Peill & Putzler, e apliques da Zangra e da Carl Hansen & Son. Os acessórios trazidos pelos proprietários das suas viagens — tecidos tailandeses, cerâmica marroquina e japonesa — acrescentam um toque pessoal final. Em conjunto com as gravuras e pinturas adquiridas em feiras de antiguidades, conferem ao interior um carácter verdadeiramente singular.