Por a 8 Agosto 2025

Esta casa de férias, situada na encosta da montanha, perto da cidade histórica de Valldemossa, em Maiorca, combina uma sensibilidade urbana contemporânea com a funcionalidade necessária. 

Texto: Robyn Alexander | Bureaux Editorial Agency / Produção: Tille Del Negro | Bureaux Editorial Agency / Fotografias: Greg Cox/ Bureaux Editorial Agency

De um lado, uma floresta de azinheiras. Do outro, uma vista para o mar em que, na maioria dos dias, a divisão entre o Mediterrâneo e o céu se esbate numa única vista de azul. E, no meio, esta casa de pedra, quase escultural, impressionante. Uma casa que combina a simplicidade descontraída das férias com uma qualidade elementar, de outro mundo, que é difícil de definir, mas muito fácil de admirar.

Entre Valldemossa e Deià, na costa ocidental da ilha de Maiorca, a casa está situada num local íngreme, acima de S’Estaca, a villa emblemática que pertence a Michael Douglas. É uma posição espetacular em todos os sentidos. Originalmente construída no século XIX e ampliada durante o século XX, terminando com um conjunto de extensões e renovações muito mal concebidas nos anos 90, o edifício encontrava-se em franco mau estado quando os seus atuais proprietários a adquiriram.

O arquiteto Manuel Villanueva, da More Design, foi o principal responsável pelo projeto de renovação. “Quando os nossos clientes compraram a casa, estava quase a ruir e, legalmente, não cumpria as normas”. E como os códigos de construção rigorosos da ilha significam que uma casa não pode ser completamente demolida e uma nova estrutura erguida no seu lugar, a More Design teve de encontrar uma solução arquitetónica que incorporasse a estrutura existente e, ao mesmo tempo, estivesse em conformidade com os regulamentos — e satisfizesse as exigências dos clientes.  

A solução foi “introduzir uma nova estrutura no edifício existente, abrir alguns espaços e demolir outros”, diz Villanueva, explicando que o resultado foi “o mesmo (em termos de) volume, mas resultou num espaço interior totalmente diferente”. A casa foi ainda cuidadosamente “reconectada com a paisagem circundante de forma a reduzir o seu impacto ambiental”, acrescenta. E quanto à estética do projeto? Desde o início, diz Villanueva, era desejado que o projeto tivesse em consideração “o diálogo entre extremos: a encosta da montanha com os seus tons predominantes de verde, castanho e laranja, pedra e carvalhos; e a outra encosta, em tons de azul e com a vista deslumbrante e desobstruída do Mediterrâneo”. O terreno é muito íngreme, pelo que se entra na casa no seu nível mais alto — onde se situa a espetacular zona da piscina — e se desce até aos restantes espaços, que dão igualmente acesso às zonas mais baixas do jardim paisagístico.

Propriedade de duas famílias que ali vão regularmente de férias, tem oito quartos em suíte, ancorados por uma zona de estar central quase museológica. A More Design “concebeu a casa com dois espaços de dormir diferenciados”, diz Villanueva. Um para cada família. Um deles está situado nos pisos superiores e o outro no piso inferior. A parte central da casa, “que inclui todas as áreas comuns, é partilhada”, diz. A sensação nos espaços comuns é dinâmica, mas urbana e tranquilamente sofisticada, com a área central de duplo volume a constituir uma zona especialmente agradável.

Como muitos elementos de design bem-sucedidos, este espaço de duplo volume cumpre, ainda, um duplo dever em termos de estética e da sua função estrutural. Villanueva explica que a equipa de design conseguiu trazer a luz natural da manhã, que vem do lado da montanha, nas traseiras da casa, “diretamente para os níveis inferiores do edifício, a partir das janelas do pátio e das aberturas no nível superior, por via do espaço principal de altura dupla”.

Outro elemento-chave deste projeto, é a impressionante fachada revestida a pedra. A equipa destinou muito tempo, e esforço, a trabalhar na forma como a pedra foi colocada de modo a que a “profundidade da fachada assumisse um visual com história, testemunho da passagem do tempo”.

Os interiores, assinados pela More Decor, dependência da More, combinam texturas naturais convidativas com um elegante sentido de contenção. Os pavimentos são feitos de pedra Santanyi, um material de origem local que é utilizado em muitos dos grandes palácios e edifícios históricos de Maiorca. Têm um toque luxuoso, mas também envelhecem naturalmente e adquirem uma pátina única com o passar dos anos. Outros materiais naturais, como a madeira, a terracota, o couro e o linho, acrescentam outras camadas de profundidade e uma sensualidade subtil aos interiores. 

Esta é uma casa, diz Villanueva, “para uma pessoa que procura um local tranquilo, que gosta de passar o tempo a ver os barcos e o tempo a passar, mas que também tem uma abordagem contemporânea à arte e à arquitetura”. É também a prova de que uma casa de férias pode ser um espaço sofisticado e contemporâneo, mas que também permite que os seus ocupantes relaxem em pleno quando passam algum tempo aqui.