Por a 25 Junho 2025

Este apartamento de 100 m2 revela como o design de interiores pode transformar espaços, mas também modos de habitar. Com uma planta original compartimentada e pouca entrada de luz natural, o imóvel passou por uma transformação que privilegiou fluidez, leveza e identidade. O escritório Orla Arquitetura assina o projeto que foi fotografado por Joana França.

Projeto: Orla Arquitetura / Fotografias: Joana França / Texto: Ana Rita Sevilha

Com 100 m² e uma planta compartimentada, este apartamento em Brasília passou por uma transformação que foi além da reconfiguração espacial. Carla Monza e Isabella Souza, do Orla Arquitetura, assinam o projeto que redesenhou o layout original para dar prioridade a uma circulação fluida, integração entre ambientes e uma nova relação com a luz.

A proposta partiu do desejo de criar espaços mais abertos e funcionais, mas com uma transição delicada entre eles. Sala, cozinha, varanda e um dos quartos foram integrados e elementos como a porta deslizante de fole, desenhada por medida, ajudaram a reforçar a continuidade visual e a sensação de amplitude. 

As decisões do projeto, foram fortemente guiadas pelas necessidades do casal que habita o imóvel. Lucas, apaixonado por gastronomia, desejava uma cozinha aberta que promovesse interação com os convidados. Letícia, criadora de conteúdos digitais, procurava cenários versáteis e visualmente coerentes com a sua identidade profissional. 

A referência estética partiu da arquitetura de interiores contemporânea do México, com ênfase em materiais naturais, texturas marcantes e no diálogo com a luz. A inspiração revela-se em escolhas como o mármore preto e branco na cozinha, ou a pedra em verde translúcido que reveste o tampo da mesa de jantar. “A convivência destas pedras com texturas e cores distintas, reforça o cuidado com os materiais e a construção de uma narrativa visual coesa”, comenta Carla Monza.

As linhas puras e a paleta neutra criam um pano de fundo sereno, sobre o qual o mobiliário ganha protagonismo. A curadoria das peças seguiu conceitos de história e afeto. “Um olhar afetivo guiou toda a curadoria — composta por peças com presença e memória, que constroem um ambiente com identidade”, completam as arquitetas.

Até as gatas do casal foram contempladas no projeto. A abertura na porta da área de serviço permite a livre circulação dos animais, enquanto a estante, assinada pelo estúdio Cultivado em Casa, acabou por se tornar num espaço lúdico.

Mais do que atender a um programa funcional, o projeto criou um lugar de pertença — onde técnica, estética e afeto se entrelaçam em cada detalhe.