Por a 22 Maio 2024

Com projeto de arquitetura de Pedro Lopes, um dos sócios fundadores do Fragmentos, a nova casa da designer de interiores Marta Lucena combina as suas linhas contemporâneas com detalhes quentes e uma decoração que harmoniza estética e função. 

Texto: Isabel Figueiredo / Fotografia: José Manuel Ferrão / Produção: Amparo Santa-Clara

Construída de raiz, num terreno adquirido há alguns anos, a sua arquitetura contemporânea, enfatizada pelo uso do betão à vista e das vigas de ferro, dos grandes planos envidraçados e dos tetos planos, é equilibrada no interior pela extrema atenção ao detalhe, a combinação elegante de texturas e cores e, ainda, por pormenores como os rodapés, “que têm uma altura menos habitual daquela vista em casas modernas”, ou a lareira revestida a azulejos artesanais da Viúva Lamego.

No seu conjunto, tudo atua para que a linguagem despojada do edifício seja aquecida por via das escolhas de materiais, observadas quer nos revestimentos das superfícies quer nas peças de mobiliário, nos têxteis ou acessórios.

E tal estende-se, ainda, à forma como o verde quase tropical do exterior se envolve e dialoga com a linearidade do volume construído, enaltecendo o projeto de arquitetura do coletivo Fragmentos.  

“O terreno foi comprado alguns anos antes da construção da casa e fica numa zona muito calma do Estoril, com uma envolvente de campo, mas ao mesmo tempo perto da zona urbana”, explica Marta Lucena, designer de interiores. 

Foi intenção dos proprietários que toda a vida social se desenvolvesse no piso térreo. Este, aloja várias funções e é composto pelo hall de entrada e pela sala, com um pé direito duplo, pela casa de jantar, escritório e suíte principal. Para o andar superior, foram destinadas duas suítes, que servem os filhos e convidados. 

O diálogo entre os espaços no piso térreo é potenciado pela abundante luz natural que os grandes planos de vidro deixam passar. Prosseguindo esta linguagem, a casa de jantar tem uma ligação direta com a cozinha através de uma porta em ferro preto e vidro. “Queríamos que quem estivesse na cozinha não ficasse isolado”, continua Marta Lucena, detendo-se na transparência do espaço e na sua ligação visual àquela sala.  “Os armários da cozinha estendem-se à área de refeições e enquadram um louceiro antigo, comprado em Lisboa, mesmo antes de a obra começar”. 

No exterior, a casa é protegida do sol por uma pala contínua em betão e esta contrasta com a superfície lisa das paredes. “Também quisemos ter uma boa zona de estar e de refeições, mesmo ao lado da piscina”, diz Marta, razão por que o arquiteto estendeu os ambientes sociais interiores ao jardim, num dos casos mais privado, por via das estruturas de vidro e ferro. Lá fora, ainda, a piscina, desenhada à medida para o espaço, contida na dimensão, mas quanto baste para o efeito, refresca visualmente o cenário e, funcionalmente, os proprietários e convidados nos dias quentes.  

“Toda a envolvente natural é amplamente aproveitada. As janelas de grandes proporções deixam entrar a luz e permitem um constante contacto com o verde do jardim, praticamente tropical, em memória dos anos vividos no Rio de Janeiro”. O projeto paisagístico foi idealizado pelo proprietário — “ele próprio encarregou-se de plantar as várias espécies” — para garantir privacidade em relação às casas vizinhas. 

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