No Monte Estoril, este chalé antigo, entretanto recuperado, a curta distância a pé da praia, exibe interiores onde o branco e o verde fazem a ligação à paisagem envolvente.
Fotografia: José Manuel Ferrão / Texto: Isabel Figueiredo / Produção: Amparo Santa – Clara
É uma casa de época, no meio de tantas outras que decoram as ruas de uma das zonas mais agradáveis da linha do Estoril, arborizadas e serenas, arrumadas e elegantes. O Monte Estoril é rico em casas seculares, com vários exemplares de arquitetura de veraneio, muitas delas bem recuperadas, como o é esta.
Os seus encantos, entre outros, residem na bonita vista a partir das janelas da sala e dos quartos, vista que se estende até longe, dando para ver Lisboa e a Caparica, mas também na mancha de verde, a das árvores que a rodeiam e a do jardim onde as crianças brincam, além da sua localização.
Michelle Gonçalves, autora do projeto de decoração, conta-nos que a sua estrutura, renovada é hoje mais leve, fruto do trabalho do arquiteto António Vidigal. “As vigas de madeira lamelada, a laje dos pisos 1 e 2, assim com a cobertura, com revestimento a zinco e com painel-sanduíche de 12 cm, as paredes periféricas, reforçadas com vigas de travamento, e as interiores, de pladur, com isolamento interior, adicionaram o conforto e a solidez necessárias para uma nova vida”.
“Toda a parte elétrica, canalizações e esgotos são novos”, revela. “O aquecimento central e ar-condicionado, no último piso, são outras das adições e fazem parte dos melhoramentos do chalé, cuja arquitetura original, pelo exterior, foi mantida quase na sua totalidade, tendo apenas sido alvo de algumas alterações pontuais, para a desejada modernidade, como é o caso do rasgo feito na sala, com um vão envidraçado de grande dimensão, assim como num dos quartos”.
A madeira domina e aquece os ambientes. Vemo-la no piso de pinho antigo recuperado e nas portadas, preexistentes e pintadas de branco, assim como nas portas e nas janelas de madeira maciça, da Maciça, empresa nacional especialista no fabrico de portas e janelas em madeira.
A casa, bem dividida e ampla, está apta a receber quem ali visitar esta família, e o amigo de quatro patas, graças aos quatro quartos, todos com a sua própria instalação sanitária. “Para o piso 1 foram destinados a sala, a cozinha, um quarto em suíte e o lavabo social; o piso 2 recebeu três suítes”. No total, a moradia soma 400m2, incluindo a área de jardim, e foi pensada para a família alargada.
Os brancos e os verdes e os vários tons das madeiras compõem a paleta cromática. “O branco transforma os espaços, fazendo deles maiores e mais luminosos, deixando-os simples e, contudo, sofisticados; o verde é a minha cor preferida, porque faz a união com a Natureza e os espaços livres, mas também porque me traz calma e tranquilidade”, explica-nos a sua proprietária.
Para Michelle, viver aqui durante o ano inteiro, usufruir da sala e observar o mar ou sentar na varanda e admirar a paisagem é um privilégio e tem um sabor a férias sem prazo.
Inspirada pelos lugares que visita, pelos livros e revistas que vai adquirindo, Michelle apostou numa decoração que mistura peças de família e outras, compradas para o efeito, combinadas com algumas obras de arte, têxteis, vidros e cerâmicas. Por exemplo: a sala comum exibe uma mesa e cadeiras de jantar do início do século 20, uma escrivaninha do século dezanove, um sofá verde em linho da Barbara Osorio Fabrics, um outro da Paris:Sete, tapetes persas dos séculos doze e dezoito, quadros de grandes dimensões da artista sul-africana Medina Morphet, uma gravura de Sonia Delaunay ou fotografias a preto e branco do pai.
No quarto principal, o destaque vai para a peça costureira do século dezoito, a pequena cómoda Louis XV, o tapa-pés antigo que veio de Bali, as almofadas mexicanas bordadas e Ondine Saglio, bem como as cortinas em linho Barbara Osorio Fabrics, para referir alguns. No seu conjunto, sobressaem em cada espaço do chalé, contra o branco das paredes e sobre a calorosa madeira de pinho do chão.