Localizado em Copacabana e inserido num edifício de estilo Art Déco, o novo apartamento do arquiteto David Bastos estende-se por uns generosos 250 m2. Com um pé-direito alto e uma estética que nos transporta para os anos 40, a decoração é uma mescla parisiense pontuada por peças mais modernas de decoração.
Projeto: David Bastos / Fotografias: Fran Parente
Há dois anos, um edifício de esquina em Copacabana, construído em 1946, chamou a atenção do arquiteto David Bastos. O prédio, com uma estética Art Déco não demorou muito a ter um apartamento à venda, que acabou comprado pelo arquiteto.
Com uma generosa área de 250m², muitas foram as caraterísticas que atraíram David Bastos, como ter todas as divisões viradas para a rua e um generoso pé-direito, com três metros de altura.
O prédio de 77 anos inspirou David a manter a atmosfera típica dos anos 1940, com um toque parisiense, acrescentando um mix mais moderno nas peças de decoração. “Evitámos fazer muitas interferências para manter as caraterísticas arquitetónicas do apartamento e alterámos a área de serviço e os quartos. Além disso, trocamos toda a parte elétrica, hidráulica e o sistema de ar-condicionado”, conta o arquiteto, que está habituado a uma linguagem mais contemporânea nos seus projetos e que, segundo ele, foi a primeira vez que trabalhou com o estilo Art Déco.
Para ressaltar essa estética, o arquiteto restaurou o pavimento em taco, a porta de entrada e as portas de acesso às varandas, e procurou objetos da época em antiquários. Em vez de integrar as divisões, já por si amplas, optou por manter a planta original, com as salas de estar, jantar e escritório separadas e acessíveis por pórticos.
Tanto os pórticos como os novos rodapés, com 40cm de altura, foram feitos em mármore Rafaello, deixando os ambientes ainda mais sofisticados. As pedras naturais também foram usadas nos revestimentos das casas-de-banho, assumindo o protagonismo nesses espaços.
Na composição dos ambientes, a seleção criteriosa de um mobiliário cosmopolita destaca-se, como as poltronas com banqueta Papa Bear, assinadas pelo dinamarquês Hans Wegner em 1951, ao lado do sofá Apollo, com design de Antonio Citterio para a Maxalto, e do pufe Adel, da Baxter, na sala de TV.
Já na sala de jantar, o candeeiro pendente Estagio, assinada pelo designer Miguel Milá em 1992 para a espanhola Santa & Cole, durante os Jogos Olímpicos de Barcelona, sobressai por cima da mesa de jantar Xilos, também de Antonio Citterio, com cadeiras Mini Papilio, de Naoto Fukasawa para a B&B Italia.
O escritório do arquiteto, onde recebe clientes do Rio de Janeiro, teve tanto as paredes quanto a estante (feita por medida em marcenaria) pintadas na cor lavanda, acompanhadas de móveis como a mesa Fly, de Antonio Citterio para a Flexform, as cadeiras Elisa, da Giorgetti e a cadeira Serbelloni, da De Padova, tudo da Casual Móveis.
O espaço relaciona-se com os demais ambientes sociais e revela o cuidado do arquiteto com a qualidade e com os detalhes, como o alinhamento perfeito da estante com o portal, com a saída do ar-condicionado e com a janela. “São pequenas coisas muito mais sentidas do que percebidas por quem vive a casa”, acredita.
Na área íntima, as cores são protagonistas: o quarto de hóspedes foi revestido em tecido azul-marinho, fornecido pela Donatelli, nas paredes e teto, enquanto para o quarto principal foi escolhido um tom amarelo-mostarda – cor que remete ao Rio e transmite felicidade e riqueza, segundo o morador. As cortinas na mesma cor separam a varanda, com piso em mosaico hidráulico, também com detalhes em amarelo.
Outro destaque do projeto é a casa-de-banho toda espelhada, com uma bancada desenhada pelo arquiteto, esculpida em mármore e apoiada sobre uma base de latão. “É o lugar preferido para tirar uma selfie no apartamento”, brinca David.
Para terminar, as várias divisões foram pontuadas com obras de arte brasileiras, de nomes como Di Cavalcanti, Tunga, Amilcar de Castro, Genaro de Carvalho, Sonia Ebling, Burle Marx, Leda Catunda, Antônio Dias, Nádia Taquary, Tuca Reinés, Flávia K, entre outros.