Por a 25 Abril 2023

Adquirida no outono de 2021, a moradia, datada dos anos noventa, viu os seus interiores serem alvo de uma extraordinária intervenção pela equipa do coletivo Viterbo Interior Design. Três cães, o gosto e o estilo de vida dos clientes nortearam em boa parte este projeto de remodelação.

Fotografia: José Manuel Ferrão; Palavras: Isabel Figueiredo

Situada numa zona residencial, com vista para o Atlântico, esta casa é hoje um refúgio sofisticado, dominada por linhas contemporâneas, onde os tons escuros, complementados pela luz natural que invade o seu interior, compõem um cenário elegante.

O projeto de renovação e de design de interiores, levado a cabo pela Viterbo ID, sob a direção criativa de Gracinha Viterbo, revela a ligação discreta entre materiais naturais e obras de arte de artistas portugueses e internacionais.

Levando sempre um pouco mais além o seu lema de ‘projetos à medida’, o estúdio Viterbo Interior Design inspirou-se na atmosfera envolvente e no gosto e estilo de vida do cliente para criar um ambiente tranquilo, elegante e fluido – tendo sempre em conta os seus três pequenos amigos de quatro patas.

Os generosos 500m2 e a própria localização, entre o oceano e a mancha de verde do Parque Natural Sintra-Cascais, afiguravam-se uma base de partida com tanto de desafiante como de excitante. Sobretudo para um nome da arquitetura de interiores e do design cujo espetro estético e abordagem intelectual e criativa se baseiam em camadas, história, estilos de vida…

“O conceito de design exigiu uma ampla intervenção, principalmente na cozinha, lavandaria, sala de estar e jantar, bem como no quarto principal, casa-de-banho principal e lavabo”, revelam. Por seu turno, o escritório e o ginásio foram repensados de raiz, levando o projeto global de design de interiores a um nível de personalização sofisticado e inovador. E, depois, a arte, uma parte significativa do projeto, bem como a seleção de materiais – tecidos naturais como linho, caxemira, lã de alpaca, couro, camurça e veludo –, que aqui desempenham um papel essencial na perspetiva sustentável do estúdio para cada projeto.

O layout atual em ‘open-plan’ do piso térreo integra dois corredores, uma cozinha aberta – que pode ser fechada com portas deslizantes –, áreas de estar e jantar, um imponente lavabo social, o espaço de trabalho e outro, destinado ao exercício físico, e três quartos de hóspedes. No andar de cima, destaque para a master suite com closet, sala de make-up, casa de banho principal e quarto.  

Atraídos pelos azuis escuros, tons frios e texturas quentes, os clientes queriam uma casa sofisticada, mas confortável. Além disso, o design teve ainda de considerar os seus três cães pequenos e a relação de grande afeto que os une. 

Tendo em conta estes aspetos, e alicerçada na sua capacidade de personalizar cada projeto, a equipa introduziu ainda a arte portuguesa na decoração, com uma seleção de obras com a sua curadoria, convivendo hoje nesta casa artistas e mestres do artesanato, dos painéis artísticos na cozinha, pela equipa de pinturas decorativas artísticas da Viterbo, do piso de mármore e da lareira na lareira do wc principal, entre outros elementos que atestam a sua capacidade criativa.   

Além disso, o projeto exibe vários elementos desenhados à medida pelo coletivo Viterbo ID. A consola e o espelho na entrada, a mesa redonda na segunda entrada, o painel artístico na cozinha, os volumes de arrumação, caso das estantes em madeira, a mesa de centro e a cómoda na sala de estar, o escritório, o ginásio, bem como os elementos de mármore na casa-de-banho dos hóspedes e do quarto principal, e as cabeceiras e cortinas são alguns dos exemplos.

A estes juntam-se a curadoria do coletivo para as várias obras de arte selecionadas – Pedro Calapez, Victor Marqué, Carla Cascales Alimbau, Camille Lochard, Gil Madeira, Miguel Palma, Miguel Ângelo Rocha, Gabriela Machado, Pedro Sequeira e Carlos Noronha Feio -, para referir alguns, integram a extensa lista.

Da mesma forma, os tecidos naturais, como linho, caxemira, lã de alpaca, couro, camurça ou veludo, escolhidos segundo critérios de qualidade, conforto e manutenção a longo prazo, e a iluminação natural abundante, complementada com a indireta e decorativa, sempre que necessário, propõem aqui um contributo valioso.

“Este jogo beneficia em tudo a paleta de cores que se estende do muito escuro ao muito claro”, relatam-nos. “E tudo isto foi desenvolvido depois de conhecermos melhor os clientes e pensado para os seus gostos e intenções”. Assim como as ondas e a água do oceano, os tons de azul variam do escuro ao claro e cinza, estendendo-se ao lilás e aos tons pálidos, dependendo do espaço e da luz que ali entra. “Há um objetivo explícito de design nas nuances dessas cores, através do qual foi criada uma sensação de fluidez”.

O que era antes uma casa compartimentada e com um discurso desatualizado, deu lugar a uma residência que abraça o estilo de vida, as preferências e a vivência da família.

“Abrimos o espaço para criar uma continuidade visual entre o interior e o exterior, a partir de vários pontos da casa e, além das intervenções de maior vulto, também criámos espaços totalmente novos, demolimos paredes,  transformámos preexistências – caso do pequeno armário e casa-de-banho que deram lugar ao espetacular espaço de banho principal -, projetámos pilares e rodapés de latão, mudámos a cor da piscina e demos um novo visual a toda a área exterior. Foi uma intervenção notável e extensa”.

Gracinha resume: “Foi divertido pensar em todos os espaços e também de que forma os três amigos da casa, os cães, os observam a partir da sua perspetiva”.

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