Por a 30 Agosto 2022

Inserida num cenário natural e nos limites da capacidade de construção, “Rolo” (o nome com que foi batizado este projeto), é uma abordagem paisagística de um projeto arquitetónico. 

Projeto: Alain Carle Architecte / Fotografias: Félix Michaud

Localizada na região Laurentian do Quebec, no Canadá, e situada numa encosta íngreme, a propriedade onde a casa se insere, é caracterizada por grandes afloramentos rochosos e oferece vistas claras do horizonte. Antes da intervenção, os proprietários criaram no local uma variedade de áreas de lazer dispersas e fragmentadas, ligadas entre si por sinuosos trilhos, que contornam as falésias íngremes do terreno montanhoso. Devido à natureza orgânica e temporária desses usos iniciais, a sua especificidade informou o início do projeto.

As premissas conceptuais do projeto foram, portanto, ancoradas nessas estruturas de ocupação temporária que os proprietários desenvolveram ao longo dos anos. Ao longo dos contornos de um planalto rochoso que já ocupavam, a localização da residência foi organizada de forma estratégica e de maneira a manter um pouco do seu “estilo de vida” existente.  Em vez de tentar dominar a envolvente, ou reconfigurar o terreno, a arquitetura foi desenvolvida para observar a paisagem e respeitar o seu estado original.

Para manter a topografia do planalto, os espaços do projeto foram divididos em dois volumes, que acabaram por ditar a divisão do programa habitacional: um abriga as funções diárias e o outro as funções noturnas. Uma passagem envidraçada e um terraço aberto unem os dois volumes, oferecendo uma vista deslumbrante.



Em termos de concepção espacial, o projeto privilegia uma implantação vertical como uma sobreposição de planos que seguem a fragmentação programática. Com esta estratégia, a área de cobertura do projeto foi restringida e preservou a estrutura de drenagem natural do local, que está praticamente inalterada hoje. Construída em madeira laminada colada, a estrutura permite tetos altos e desenvolve ”paisagens interiores” cujas proporções lembram as das árvores circundantes. 

Esta ideia torna-se tema recorrente e leva ao fascínio por um interior despojado, deixando muito espaço para a paisagem envolvente. 

O ritmo das colunas de sustentação abre-se para o horizonte em vãos verticais e decompõe o panorama exterior em pequenas “pinturas selecionadas”. O grande telhado pende sobre todo o perímetro externo dos pavilhões, repelindo a neve no inverno e o sol no verão.

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